O dólar desvalorizado frente ao real eleva as importações brasileiras e diminui as exportações do País para o resto do mundo. Essa é uma das razões para as reclamações do setor automotivo com relação ao aumento das compras de veículos de passeio. Os números do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior somente de São Bernardo mostram que essas compras externas subiram 238% na comparação dos primeiros sete meses de 2008 com o mesmo período de 2011.

Os dados apontam que entre janeiro e julho de 2008 foi importado o montante de US$ 73,539 milhões, enquanto que no acumulado deste ano até o sétimo mês a soma é de US$ 248,696 milhões.

No sentido contrário, as vendas externas cresceram 60,22%, na mesma análise temporal. Os números correspondem a US$ 167,4 milhões em 2008 e US$ 268,3 milhões em 2011.

Já o caso de São Caetano reflete dados contrários para as exportações. Nos primeiros sete meses de 2008 as vendas internacionais de veículos representaram US$ 204,5 milhões, enquanto em 2011 o valor apresentado pelo ministério foi de US$ 65,566 milhões, o que representa um recuo de 68%. Na análise entre o mesmo período de 2010 e este ano a queda é de 11,7%

O professor de gestão em concessionárias da ESPM, Valdner Papa, afirma que a valorização da moeda brasileira é a principal razão para o aumento das importações de automóveis no Brasil e a queda das vendas ao Exterior, e esse cenário somente será invertido quando a moeda norte-americana valer entre R$ 1,80 e R$ 1,90.

Papa alerta ainda que o cenário atual,deve ser uma tendência para os próximos anos. "Os importados continuam crescendo e representam hoje quase 35% do mercado interno, e as exportações caem, porque não temos produto competitivo, por diversas questões, mas a principal é que não temos preço para competir", diz.

O docente completa ao explicar que "a indústria tem três canais de escoamento, o varejo, os frotistas e as exportações, o que ocorre é que as exportações estão comprometidas pela queda na competitividade do País, sobram dois canais, o varejo que começou a acusar uma diminuição no consumo doméstico após uma alta do consumo, pois as medidas macroprudenciais do governo (contenção do crédito para a compra financiada) refletiram profundamente no varejo, que já começou a senti-la. E os frotistas sobraram, e vem aumentando sua presença no setor automobilístico", frisa Valdner Papa.

As informações do professor indicam que antes da crise financeira mundial os frotistas representavam 8% dos compradores de veículos e atualmente somam 30%.

EXPORTAÇÕES - As exportações de automóveis estão em queda há quatro anos, mostram os dados do MDIC. Especialistas dizem que a tendência é de inversão, tendo em vista que os números de 2011 apontam alta nas vendas frente a 2010.

Os números do MDIC indicam que entre janeiro e dezembro de 2008 foram vendidos US$ 14,6 bilhões ao mercado internacional. Já no acumulado de 2009 o valor somou US$ 8,4 bilhões e em 2010 registrou US$ 12,1 bilhões. Nos sete meses deste ano o ministério apresentou o total de US$ 7,3 bilhões.

As importações cresceram em 2011 frente a 2008, após manterem números aproximados em 2009 e 2010. Há quatro anos o valor obtido foi de US$ 12,8 bilhões e entre janeiro e julho de 2011 o número informado é de US$ 11,9 bilhões. No intervalo deste período os montantes foram US$ 11,4 bilhões em 2009 e US$ 17,2 bilhões em 2010.

O problema maior está ligado ao saldo comercial, que em 2008 era superavitário em US$ 1,7 bilhão e nos anos subsequentes ficou deficitário em US$ 2,9 bilhões e US$ 5,1 bilhões, respectivamente. Neste ano a soma até julho é de deficit de US$ 4,6 bilhões.