O filme ‘O Jardineiro Fiel’, de Fernando Meirelles, será o principal representante brasileiro na 62ª edição da Mostra de Veneza. O novo filme do diretor de "Cidade de Deus", uma co-produção entre Reino Unido, Quênia e Alemanha, está entre os 19 filmes que integram a Seção Oficial na disputa pelo cobiçado Leão de Ouro.

Outro filme brasileiro, "Arido Movies", de Lirio Ferreira, está entre os integrantes da mostra Horizontes, dedicada às obras mais inovadoras. A estréia mundial de "Qi Jian" (Sete Espadas), do chinês Hark Tsui, será o evento de abertura da 62ª mostra.

Pela primeira vez em mais de meio século, a chamada cidadela do cinema, localizada numa ilha em frente a Veneza, terá cercos especiais e será alvo permanentemente de câmeras de vigilância, franco-atiradores, mergulhadores, especialistas em explosivos e cães farejadores com a finalidade de evitar qualquer ato terrorista.

No famoso Palazzo del Cinema, centro que acolhe anualmente o festival, será instalada a tradicional passarela das estrelas, onde se exibirão a cada noite celebridades do cinema mundial, como John Turturro, Russell Crowe e Monica Bellucci.

Para evitar a polêmica do ano passado, causada pela desorganização e pelos atrasos na programação, o diretor da Mostra, Marco Muller, reduziu o número de filmes selecionados de 71 para 55. Este corte acabou penalizando o cinema latino-americano e africano, que praticamente desapareceu do festival.

Meirelles é o único diretor latino entre os concorrentes ao Leão de Ouro e apenas quatro longas-metragens latino-americanos (além do brasileiro da mostra Horizontes, dois argentinos e um mexicano) participarão das outras seções do festival.

A atriz italiana Stefania Sandrelli, musa do cinema de autor italiano dos anos 60, será homenageada com o Leão de Ouro pelo conjunto da obra durante o festival, com o qual também será agraciado o diretor japonês Hayao Miyazaki, premiado com o Oscar em 2003 pelo filme de animação "A Viagem de Chihiro".

Um júri, presidido pelo cenógrafo Dante Ferretti, Oscar por "O Aviador", deverá escolher entre os filmes da seção oficial, dirigidos por mestres veteranos, como o português Manoel de Oliveira, 96 anos, e alguns poucos por autores desconhecidos nos festivais, alguns deles asiáticos.

O convidado de honra da mostra será o cinema europeu. Doze filmes do velho continente (três franceses e três italianos) competitiva representam o ponto forte do festival.

"A seleção feita evidencia a saúde do cinema europeu", admitiu Muller, especialista em cinema asiático, que preparou uma retrospectiva sobre este cinema, chamada "História Secreta do Cinema Asiático", para contrabalançar a grande presença de astros de Hollywood, que apresentarão nove estréias mundiais.