Memória Titulo Luto
A morte do violeiro de Diadema
Ademir Medici
24/05/2017 | 07:00
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 OZIEL GUERRA, O TUTA

(Avaré, SP, 29-11-1930 - Diadema, 17-5-2017)

 

A música perdeu, na semana passada, o cantor Tuta, da dupla Tuta e Tota. Dois irmãos que brilharam no rádio e no disco. Apresentaram programas nas grandes emissoras de São Paulo. Cantaram até alguns anos atrás. E há muitos anos escolheram como morada o Grande ABC.

Oziel Guerra, o Tuta, morava em Diadema desde 1967. Gerson Guerra, o Tota, vive em Santo André desde julho de 1964.

Quando escrevemos o livro "Programa de Auditório", lançado em dezembro do ano 2000, Tuta e Tota estavam muito bem. Cantavam, compunham, faziam shows. Eram o carro-chefe da caravana de artistas organizada pelo radialista Valdecir Mathioli, ainda hoje o dono das madrugadas musicais pela Rádio Emissora ABC.

Tota, universitário, nos presenteou com sua dissertação de mestrado. A dupla nos autografou o CD "Através do Tempo". Alguns anos depois ficamos sabendo que Tuta já não estava bem. Agora, a partida.

Os irmãos vieram para São Paulo, ainda jovens, em 1947. Tuta rapazola, Tota menino. Como tantos brasileiros, fugiam da pobreza absoluta do campo em decadência depois da prosperidade dos ciclos cafeeiro e de gado.

Trabalharam, e duro, até se dedicarem exclusivamente à música. Durante 35 anos, aos domingos, comandaram pela Rádio Bandeirantes o programa "Bom dia, sertão". Antes haviam atuando nas Rádios Nacional Record, América e Tupi. Agora, a partida.

Oziel Guerra era filho de Augusto Guerra e Maria Arca. Viúvo de Leonilda Chinaglia Guerra. Parte aos 86 anos, deixando os filhos Rosana e Rinaldo. Residia no bairro Piraporinha. Está sepultado no Jardim da Colina, em São Bernardo.

 

CANTA O INTERIOR.

NO GRANDE ABC

Um dos traços mais marcantes da cultura do Grande ABC é a presença das duplas musicais vindas do Interior nas levas de trabalhadores que trocaram o rural pelo urbano.

São chamadas de "duplas sertanejas". Ou "duplas caipiras". Preferimos o termo "duplas musicais". Duplas que cantaram (e cantam) seus amores, suas alegrias, sua nostalgia na cidade em que constituíram famílias, tiveram filhos, nunca abandonando as raízes interioranas.

Quando publicamos nomes de cidades paulistas e brasileiras aqui em Memória, nas datas dos seus aniversários, lembramos dos cantores com suas violas que, às primeiras horas da madrugada, esperavam pelo expediente das quatro primeiras emissoras de rádio do Grande ABC: ABC, Clube, Independência e Cacique. Esperavam e cantavam, para depois seguir para o trabalho - naquele tempo, anos 50, as emissoras interrompiam transmissões à noite para reabrir às 6h ou 7h do dia seguinte.

Tempo de apresentadores como o Compadre Zé Maria da Silva, da Vila Silva esquecida num pedacinho do bairro Nova Petrópolis, no limite com o bairro Santa Terezinha. E tantos nomes mais, hoje representados pelo incansável Valdecir Mathioli, da "Madrugada Especial" da ABC.

Reparem vocês, em especial os jovens: em cada bar dos nossos bairros mais afastados, há uma dupla cantando. Duplas anônimas.

Saudamos os Irmãos Alves, do bairro Assunção. E lembramos a todos que Tuta e Tota incorporaram o Grande ABC. Tomaram gosto pela região. E hoje, com a partida de Tuta, sofrem os cantores populares das sete cidades.

 

 

Santo André perde o economista Arthur Lotto

(Santo André, 21-9-1933 - 23-5-2017)

 

Faleceu às 11h30 de ontem, aos 83 anos, de parada cardíaca fulminante, o economista Arthur Lotto, que por muitos anos foi diretor do Diário na área contábil e administrativa. "Ele estava bem. Tinha uma ótima saúde. Foi uma passagem sem sofrimento", informou Carlos Lotto, seu filho.

Arthur Lotto teve uma vida integralmente dedicada a Santo André. Aqui estudou e trabalhou. Foi diretor do Aramaçan e da Acisa, empresário e administrador. E esportista, com vários títulos conquistados no futebol, bocha e tênis.

Era também o memorialista das famílias Lopes e Lotto. Colaborador da página Memória do Diário. Deixa um grande acervo no Museu Octaviano Gaiarsa, em Santo André, com fotos catalogadas e composições próprias e da esposa Josefina Lopes Portero, com quem ficou casado por 45 anos - dona Josefina se foi em 2010.

Arthur Lotto está sendo velado no Cemitério da Saudade, em Vila Assunção, Santo André. Seu corpo será sepultado hoje, às 10h, no mesmo cemitério. Deixa um casal de filhos, Carlos e Vivian.

 

Um pequeno jornaleiro

Depoimento: Arthur Lotto

Página Memória, 12-2-2006

 

Arthur Lotto em 1953: formando da Escola Técnica de Comércio de Santo André

Com 11 anos, em 1944, atendi aos assinantes de O Estado de S. Paulo em Santo André. Na estação, aguardava o trem das 6h que vinha de São Paulo. Na frente da composição, vinha o carro das mercadorias despachadas para Santo André, entre elas um pacote do Estadão.

Pegava o pacote, desamarrava, enfiava debaixo do braço, passava pela passarela de ferro e quando descia, ao lado do Nosso Bar, deixava um exemplar no empório do Angelini. A porta estava sempre fechada.

Enfiava o jornal embaixo da porta.

A próxima parada era na Rua Bernardino de Campos, Loja do Esporte, de Ramiro Colleoni. Continuava: na esquina das ruas Oliveira Lima e General Glicério, a Farmácia Santo André, do Zezinho Brancaglione; na esquina da Campos Sales, a residência de Joãozinho de Lima; na Brás Cubas, o Dr. Francisco Perrone; na Campos Sales, o coronel Saladino Cardoso Franco.

O coronel Saladino ficava sempre me esperando, interessado em ler o jornal. Às vezes até deixava o coronel Saladino por último, para encontrar com ele e ganhar uma gorjeta. Quando ele não estava, eu deixava o jornal no terraço. Uma coisa boa é que naquele tempo não tinha cachorros nas casas.

Outros assinantes: Dr. Fucks, na Rua Senador Flaquer, onde é hoje a agência do Banco do Brasil; na Rua Siqueira Campos, Pedro Dell'Antonia, primo da minha mãe. Sua filha, Domingas, deu aula para mim no Grupo Escolar; na mesma rua, a casa do Sr. Francisco, um húngaro - numa casa bonita, com muitas plantas, onde ele sempre me esperava para receber o jornal; na esquina da General Glicério, o armazém do Bartoli.

Depois de entregar todos os jornais, passava em casa, apanhava os cadernos e seguia para a escola. Distribuir os jornais foi o meu primeiro emprego. Havia um representante do Estadão em Santo André, Joãozinho de Lima. Ele estava incumbido de arrumar alguém para fazer essa distribuição. Morava perto do armazém do Lucchesi, na Rua Coronel Fernando Prestes. Pedi demissão porque não recebia nada pelo serviço.

 

Diário há 30 anos

Domingo, 24 de maio de 1987 - ano 30, edição nº 6450

MANCHETE - Hospitais admitem deterioração e culpam o INSS.

Seguros podem ser indexados às OTNs.

POLÍTICA - Carro oficial, luxo dos endividados. Reportagem especial mostra que, na situação pré-falimentar dos municípios, que se batiam pela reforma tributária, o Grande ABC mostrava:

O prefeito que do Fusca ia de Santana.

O filho do secretário que ia com carro oficial às aulas de judô.

A mordomia atingia até cachorros.

Uma bela exceção: o prefeito Walter Braido, que preferia ir de carro próprio.

LITERATURA - O escritor Fabio Lucas participa da III Semana Livrespaço, em Santo André. E diz:

Na história da literatura temos o simbolismo, que se concentrou na palavra literária como imagem acústica.

Passamos da era gutemberguiana para a eletrônica.

Por incrível que pareça, os brasileiros estão lendo mais.

 

Hoje

Dia do Café

Dia do Datilógrafo

Dia da Infantaria

Dia do Telegrafista

Dia do Vestibulando

Dia Nacional do Cigano

 

Santos do Dia

Nossa Senhora Auxiliadora

Nossa Senhora da Estrada

Bvs. Manuel Gomes Gonzáles e Adílio Daronch

 

Município Paulista

Hoje é o aniversário de Nova Odessa, que nasceu em 24-5-1905 como núcleo colonial destinado à localização de imigrantes russos. Elevado a município em 1959, quando se separa de Americana.

 

Municípios Brasileiros

Celebram aniversários em 24 de maio:

Em Pernambuco, Águas Belas

No Mato Grosso do Sul, Coronel Sapucaia, Escada

No Paraná, Mauá da Serra

No Piauí, Miguel Alves

Em Minas Gerais, Cambuí, Palma, Patos de Minas, Patrocínio do Muriaé, Prados e

No Rio Grande do Sul, Teutônia.

Fonte: IBGE

 

Em 24 de maio de...

1562 - João Ramalho destacado pela Câmara de São Paulo para comandar as forças destinadas a combater os índios do Paraíba.

1917 - Falece Frederico Muller, a quarta vítima do acidente automobilístico do dia 13 no Caminho do Mar, na volta de São Bernardo. Estava internado no Hospital Samaritano.

São Paulo celebra o 51º aniversário da Batalha do Tuiuti.

A guerra. Do noticiário do Estadão: o movimento marítimo na Inglaterra; como se deu o torpedeamento do vapor brasileiro "Tijuca".

1967 - O cantor Geraldo Vandré visita o Grande ABC e concede entrevista ao News Seller. Uma de suas paradas é na Faculdade de Filosofia de Santo André.




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