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Laerte por ela mesma

‘Laerte-se’ estreia na Netflix e mostra o cotidiano
de um dos cartunistas mais famosos do Brasil

Miriam Gimenes
Do Diário do Grande ABC
19/05/2017 | 07:34
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Divulgação


Laerte Coutinho, um dos mais famosos caricaturistas do Brasil, nasceu do gênero masculino há 65 anos – completos no dia 10 de junho. Isso não o impediu, no entanto, de fazer uma reviravolta e, após quase seis décadas de vida, se apresentar como mulher. Ele agora é ela.

A sua história como transgênero será contada, a partir de hoje, no filme Laerte-se, o primeiro original em português da Netflix. A direção é de Lygia Barbosa da Silva e Eliane Brum, e o roteiro foi feito peladupla junto a Raphael Scire. E, no trailer oficial, Laerte faz a pergunta: ‘Por que estou sendo alvo dessa câmera?’

O documentário, gravado na casa onde mora há dez anos, responde. Trata-se de um mergulho no cotidiano dessa nova Laerte – que não deixou de produzir de forma genial –, as razões que o fizeram assumir essa nova ‘veste’ e as dúvidas que cercam o cotidiano feminino como a colocação ou não de próteses mamárias, o modelito a ser usado no dia, entre outras coisas.

Segundo ela, quando se discute sobre a questão de gênero a intenção vai muito além do que a denominação envolvida. “A gente não está só falando dos problemas das travestis, das transexuais, das drag e crossdressers. Estamos falando também das relações entre homens e mulheres, da violência de gênero que envolve estupros a cada 20 minutos no Brasil, assassinatos de travestis, do modo como as mulheres estão no mercado de trabalho, como elas estão representadas na política. Desmistificar essa suposta sacralidade dos gêneros é um trabalho importante a ser cumprido por filmes como esse”, destacou durante evento de lançamento.

Além de contar sua experiência para o mundo, mostrar que é possível fugir dos tabus e se assumir – antes tarde do que nunca –, o cartunista usou este como um processo de autoconhecimento também. “Acho ótimo que minha experiência se torne positiva para outras pessoas. Mas quando usam o termo ‘coragem’ para defender meu processo, penso: ‘gente, eu levei 60 anos’.” Laerte confessa que só o fez porque seus filhos estavam grandes e se sentiu seguro.




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