Setecidades Titulo Ensino Superior
Fundação não fecha, garante reitora

À frente da instituição há um ano e meio, Leila
Modanez expõe cenário financeiro e plano traçado

Natália Fernandjes
Do Diário do Grande ABC
03/05/2017 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


“A Fundação (Santo André) tem praticamente 60 anos (foi criada em 1962), representa demais para todos nós. Fui formada lá. Não quero que a escola onde estudei feche. A Fundação não vai fechar e eu vou fazer de tudo para que isso não aconteça. A gente vai lutar muito, vai buscar parceria onde for preciso”. A promessa é da reitora do Centro Universitário da FSA (Fundação Santo André), Leila Modanez, à frente da instituição de Ensino Superior privada sem fins lucrativos há um ano e meio. Embora o cenário ainda seja o de crise financeira crítica, a doutora em Tecnologia Nuclear confia nos resultados de plano de recuperação implantado em 2016 para equilibrar o orçamento e manter as atividades.

Em visita ao Diário na tarde de ontem, Leila e sua equipe expuseram as ações da reitoria do centro universitário frente ao passivo herdado das gestões passadas, o que acarretou histórico de atraso nos salários dos funcionários. “Quando assumimos, as dívidas somavam R$ 60 milhões, entre impostos e débitos com quatro bancos. Conseguimos parcelar esses valores, o que compromete nosso orçamento mensal em R$ 500 mil. Até agora, conseguimos pagar algo em torno de R$ 23 milhões”, destaca a pró-reitora de planejamento e administração, Verenice Garcia Abdulmacih.

Ainda em 2016, o plano de recuperação traçado prevê economia de R$ 4,1 milhões por ano a partir de redução de custos com serviços de segurança, limpeza, contratos de prestadores de serviços, corte de 15% nos salários da reitoria, composta por cinco integrantes – reitora, assessor e pró-reitores de planejamento e administração, pós-graduação, pesquisa e extensão e graduação –, além de eliminação de cargos, como os de vice-reitor, vice-diretor e assessores, não abertura de novas turmas em cinco graduações devido à baixa demanda e redução do número de professores.

Sobre o quadro de colaboradores e altos salários dispensados mensalmente, a reitora explica que já houve redução do número de profissionais, sendo 430 atualmente (279 professores), no entanto, os ‘supersalários’ se devem a regime antigo de plano de carreira. “Até 2008, os funcionários recebiam aumento salarial a cada dois anos com percentual acima do dissídio, o chamado biênio. São cerca de dez profissionais concursados ou de carreira e que não podemos demitir, porque significaria gasto maior para a Fundação”, complementa Verenice.

A expectativa é a de que, até o fim do ano, sejam finalizados parcelamentos feitos para quitar o 13º salário dos profissionais de 2016 (a primeira de nove parcelas foi efetuada no dia 20 de abril) e para colocar em dia os vencimentos de fevereiro, neste caso, em oito parcelas (a primeira será repassada no próximo dia 20). Conforme a pró-reitora de planejamento e administração, a folha salarial de março foi paga normalmente.

Tendo em vista que toda a receita do Centro Universitário Fundação Santo André provém hoje das mensalidades dos cerca de 4.500 estudantes – número 30% menor do que em relação a 2016 –, e a taxa média anual de inadimplência na casa de 13%, a reitoria estuda novo sistema de cobrança. “Como nosso calendário é anual, a inadimplência é baixa no começo do ano, data das rematrículas, e cresce ao longo do ano até atingir pico de 20%. Estamos pensando em antecipar essa negociação com os alunos”, destaca Verenice.

A projeção é a de que a instituição de ensino alcance equilíbrio financeiro até o fim do ano. “Estamos começando a colocar o trem no trilho”, considera Leila.

Qualidade do ensino se mantém, apesar do quadro crítico de crise

Embora o quadro financeiro atual da FSA (Fundação Santo André) não permita investimentos em relação a melhorias estruturais, a crise orçamentária não impacta a qualidade do ensino ofertado, defende a reitora Leila Modanez. A instituição mantém IGC (Índice Geral de Cursos) 3, em escala que vai de 1 a 5, sendo as notas 1 e 2 insatisfatórias. A avaliação do MEC (Ministério da Educação) leva em conta a média dos índices dos cursos de graduação e pós em três anos de análise.

“Claro que a nossa estrutura poderia ser mais nova, mas a gente não tem essa condição. Estamos pagando as contas no justo. Mas uma coisa que precisa ser dita é que os nossos professores e funcionários são empenhados, mesmo nesta situação de atraso de salários. Existe relação de amor com a Fundação”, observa Leila.




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