Trata-se de uma importante e divertida viagem pela produção do gênero, desde 1892 até 2016 - são 13 canções que, unidas, percorrem todo esse período. "Começamos com O Mugunzá, canção de um espetáculo do teatro de revista, o Tim-Tim por Tim-Tim, de Souza Bastos, porque foi mais fácil encontrar partituras", conta Amanda. É bom lembrar que o teatro de revista, gênero de origem francesa trazido ao Brasil pelos portugueses no século 19, caiu no gosto do público nacional, especialmente pelos temas picarescos e por promover as famosas vedetes, belas mulheres que exibiam pernas estonteantes. "São espetáculos de grande importância histórica, pois reproduziam e brincavam com fatos daqueles momentos", lembra.
Em sua apresentação, Amanda faz breves relatos entre as canções, apresentando curiosidades sobre cada música e a peça em que está inserida. Para marcar a evolução do tempo, a atriz mostra pequenas alterações no figurino para pontuar a mudança dessas fases. "Também uso diferentes sotaques, desde o português, que marcou as apresentações nacionais até a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), até a fase já abrasileirada, quando o 'R' era mais acentuado."
"Alô Alô Theatro Musical Brazileiro" nasceu, na verdade, há um ano, quando Amanda aceitou o convite do ator e diretor Kleber Montanheiro para abrir o projeto Cabaré Solo, na Cia da Revista, um espaço para atores-cantores apresentarem canções de musicais. A dupla logo percebeu que o trabalho podia ser aprimorado e Montanheiro, um dos principais conhecedores do gênero, trouxe importantes contribuições - como sugerir o título do espetáculo, cuja grafia revela a longevidade do musical no Brasil e promove uma brincadeira entre o novo e o antigo, além de homenagear Luís Antônio Martinez Corrêa (1950-1987), grande diretor, autor dos espetáculos Theatro Musical Brasileiro I e II.
Acompanhada no palco por Demian Pinto (piano e arranjos) e Daniel Baraúna (percussão), Amanda Acosta comanda o passeio que deixa a plateia maravilhada. "Notei que as pessoas têm prestado mais atenção nas letras que o habitual", conta ela, observando ainda descobertas. "A maioria das pessoas acreditava que No Rancho Fundo era uma criação de Chitãozinho e Xororó, sem saber que é de autoria de Ary Barroso e Lamartine Babo, que a criaram para a revista É do Outro Mundo, de J. Carlos, em 1930." Amanda fala com naturalidade de nomes e datas, resultado de sua detalhada pesquisa.
Assim, o espetáculo mostra o declínio do teatro de revista, nos anos 1950 e 60, e ascensão das canções de protesto, como "Zambi no Açoite" (Edu Lobo), do musical "Arena Conta Zumbi", de Gianfrancesco Guarnieri e Augusto Boal (1965), e "Basta Um Dia", de Chico Buarque, integrante do musical "Gota d?Água", que Chico escreveu com Paulo Pontes, em 1975. A última canção apresentada é "A Análise da Água", de Ricardo Severo, pinçada do musical "Um Dez Cem Mil Inimigos do Povo", adaptação de 2016 de Cassio Pires para a peça de Henrik Ibsen "Um Inimigo do Povo". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
ALÔ ALÔ THEATRO MUSICAL BRAZILEIRO
Teatro Morumbi Shopping. Av. Roque Petroni Júnior, 1.089. Tel. (011) 5183-2800. 3ª, 21h. R$ 50. Até 30/5
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