"Quando pego um presidente que olha para a siderurgia dele, americana, e dá preferência, que olha para emprego e para a defesa comercial, e, de fato, prioriza a indústria americana, qual o sentimento? Inveja. Na verdade, ele está priorizando a indústria americana de aço. Não há ingenuidade por parte do governo americano. E aqui estamos ouvindo discurso de flexibilização", afirmou Lopes, em coletiva de imprensa para avaliar o desempenho do setor siderúrgico no primeiro trimestre deste ano e as projeções para o fechamento deste ano.
O Brasil pode ser afetado pelas barreiras protecionistas dos Estados Unidos, segundo Lopes. Nesse caso, a opção será buscar outros mercados, já que a exportação é vista pelas siderúrgicas reunidas no Instituto Aço Brasil como uma solução ao desaquecimento da economia no País. "Vamos ter de conviver com a exportação nos próximos dez anos, até que o mercado interno se recupere", ressaltou o presidente do conselho diretor do Instituto Aço Brasil, Alexandre de Campos Lyra.
Internamente, as siderúrgicas travam duas batalhas com o governo brasileiro. A primeira é para que proteja a indústria de transformação nacional contra a competição com chineses, principalmente. A segunda é para que eleve a alíquota do Regime Especial de Reintegração de Valores Tributários para Empresas Exportadoras (Reintegra) de 2% para 5%, para que as siderúrgicas consigam recuperar impostos pagos ao longo da cadeia produtiva. Mas, segundo Lopes, "o governo só é rápido quando tem interesse".
Nas discussões em Brasília, as siderúrgicas se apoiam em dois grupos de indústrias que compartilham o discurso protecionista. De um lado está com os grandes fornecedores de máquinas e equipamentos no movimento "Produz Brasil", para pressionar pela compra de produtos nacionais pelas grandes petroleiras. Do outro, formou uma coalizão com grandes consumidores de aço, como o setor automotivo e elétrico, em prol da aprovação do Reintegra.
O principal argumento junto ao governo é a geração de emprego e investimento que as medidas protecionistas podem garantir. De acordo com o instituto, desde que o setor siderúrgico entrou em crise, 46.788 postos de trabalho foram fechados e US$ 3,2 bilhões deixaram de ser investidos, o que teria gerado perda de 9 mil empregos diretos e indiretos.
Num cenário positivo, de crescimento do PIB de 2,5% em 2018 e 2019, e de 3,5% nos anos seguintes, seria possível retomar em 2025 o pico de vendas, de 2013, quando foram comercializados 24,5 milhões de toneladas. "Mas essas projeções de crescimento do PIB estão bastante otimistas, o que significa que a retomada só acontecerá depois", avaliou Lopes.
O Aço Brasil projetou, em novembro, que as vendas internas cresceriam 3,6% neste ano e o consumo aparente, 3,5%, comparado a 2016. Mas, passados os primeiros meses do ano, reviu suas projeção para 1,3% e 2,9%, respectivamente. "O governo também está ficando mais pessimista com a economia", disse o presidente do instituto
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