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Perto da aposentadoria, André Brasil busca motivação para 5º Mundial Paralímpico
25/04/2017 | 08:00
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Divulgação


Classificado para o Mundial Paralímpico de Natação, o 5º da carreira, André Brasil tenta encontrar motivação para mais quatro anos nas piscinas até os Jogos de Tóquio-2020. Foram quatro meses de férias depois da Paralimpíada do Rio de Janeiro e uma constante reflexão sobre a hora de parar até chegar à conclusão de que ainda valeria o investimento em mais um ciclo.

"Comecei no início de fevereiro aos trancos e barrancos. Acordava e não queria treinar, chegava no treino e não queria nadar, são anos fazendo a mesma coisa. Quando vi meu amigo Thiago Pereira dizendo que ia se aposentar, pensei bastante. Mas quero que meu filho pequeno tenha lembranças mais recentes do que o papai faz, por ele que estou me doando e vou me doar mais quatro anos", justifica.

Outro estímulo para o nadador, que conquistou duas medalhas de prata e duas de bronze no Rio-2016, é a evolução dos adversários. Os dois fatores somados à paixão pela natação fizeram André Brasil trabalhar em busca do principal compromisso do ano, em setembro, na Cidade do México. Enquanto traça novas metas, começa a idealizar o fim da carreira.

"Quero vir aqui (no CT Paralímpico Brasileiro) depois de 2020, ver a galera e não sentir vontade de cair na água e competir", afirma. "É muito tempo fazendo a mesma coisa, tenho de planejar a minha saída. Queria ter a oportunidade de me doar mais ao esporte, quem sabe dos bastidores", complementa.

O medalhista paralímpico só tem uma certeza: jamais será técnico. A veemência na negação deve-se à constatação de que os profissionais são pouco valorizados, além de abdicarem da vida pessoal da mesma forma que os atletas. "São caras que se doam tanto quanto a gente, pessoas que abdicam da família e de momentos importantes para vivenciar o nosso sonho, que passa também a ser o sonho deles. Por isso, as pessoas que trabalharam comigo têm um pedacinho de mim."

André se autodenomina "um cara chato" e cogita o envolvimento com gestão esportiva no futuro. À medida que o esporte paralímpico se vê amparado pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), os esportes aquáticos da comunidade olímpica vivem um período de incerteza pela crise enfrentada pela Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA).

Em contato com atletas sem deficiência, o nadador lamenta a situação. "Vem acontecendo erros sucessivos, com pessoas há anos se mantendo o poder. No Comitê Paralímpico conseguimos colocar regras, nosso último presidente (Andrew Parsons) sabia que tinha um prazo com início e fim. Quando isso não está bem definido, acaba se perdendo no caminho. Eu, enquanto atleta, fico muito triste", opina.

Apesar da postura crítica, o foco agora é nos resultados. "Vou colocar a cabeça no lugar, voltar a trabalhar e ver o que acontece no Mundial."




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