"Ele (Cássio Cunha Lima) foi o único desses todos que disse: 'poxa, mas não tem como fazer?'. Eu disse: 'olha, nós não temos outra opção'. Ele relutou, mas não teria opção", conta Barradas. Um dos investigadores presentes no depoimento, então, rebateu: "Ele tinha opção, poderia ter recusado".
Segundo Barradas, a doação ao então candidato a governador tinha objetivo de receber como contrapartida de realizar obra de saneamento na Paraíba, que não contava com o apoio do governador à época, Ricardo Coutinho.
Ao decidir fazer oposição a Coutinho, já em 2014, Cunha Lima sinalizou a Barradas que contava com a "ajuda" da Odebrecht. "Seria inverdade dizer que ele me pediu dinheiro, mas mostrou a sua necessidade de ter ajuda e ajuda financeira", declarou o delator.
Barradas contou que conversou "rapidamente" com Cássio em seu gabinete, no Senado, entre março e abril de 2014, para informar que a empresa estava disposta a fazer a doação, mas que só poderia ser realizada via caixa dois. "Eu me lembro que o senador ficou um pouco inseguro", disse Barradas aos procuradores.
Os dois teriam se encontrado outras três ou quatro vezes, geralmente no Senado, porém a entrega da quantia, parcelada em duas vezes de R$ 400 mil, teria sido feita a um funcionário do senador chamado Luís, em um hotel de Brasília. Barradas informou ainda que o senador ganhou dois apelidos, "trovador" e "prosador", pois o pai do parlamentar Ronaldo Cunha Lima, era um "grande poeta".
Outro lado
Em nota, o tucano disse que recebeu uma doação da Braskem na campanha de 2014. "Essa doação foi devidamente declarada na minha prestação de contas. O meu patrimônio é absolutamente compatível com a minha renda e eu nunca usei de quaisquer dos meus mandatos para enriquecer ilicitamente. Quando prefeito de Campina Grande e governador da Paraíba, jamais tive uma obra pública executada pela Odebrecht. Tem que investigar, sim! Investigar até o fim! E investigar imediatamente!", declarou.
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