É incrível a capacidade que a Avenida dos Estados, um dos principais acessos ao Grande ABC, especialmente de quem vem da Capital, tem para aglutinar fatos negativos. Agora, em levantamento realizado por delegacias seccionais, a pedido do Diário, a via aparece como a campeã de registros de roubos e furtos de veículos na região. É fácil compreender as razões da concentração de notícias ruins: o abandono a que a estrutura viária está submetida, algo que este jornal vem denunciando há muito tempo.

Natural que à degradação da via, que acaba de ter interditada a segunda de suas pontes entre um sentido e outro, em Santo André, siga-se o aumento da criminalidade. Afinal, como sabe qualquer analista de Segurança, os bandidos ocupam o vácuo das autoridades. Quem passa pela Avenida dos Estados nota com facilidade a ausência de policiamento. A única presença ostensiva ao longo do traçado é a dos radares, cuja função precípua é multar os motoristas que excedem os limites de velocidade.

Um dos maiores entraves ao desenvolvimento de políticas públicas para recuperar a Avenida dos Estados é o fracionamento administrativo. Como corta três cidades – Mauá, Santo André e São Caetano –, a via fica sob o cuidado dos três municípios. Além disso, o Palácio dos Bandeirantes também deve zelar pelo local, já que o Tamanduateí, rio estadual, acompanha o asfalto. Como lembra o ditado, cão com muitos donos morre de fome.

Ter comando único, capaz de aglutinar as ações, facilitaria a tomada de decisões, de modo que os benefícios fossem universalizados para todo o traçado. É por isso que o Consórcio Intermunicipal deveria se interessar pelo assunto e capitanear programa de recuperação e revitalização da Avenida dos Estados. Não é possível que artéria viária tão importante para o desenvolvimento econômico e social do Grande ABC siga relegada a segundo plano. Já há, nos bastidores, movimentação dos prefeitos para pressionar o Palácio dos Bandeirantes a entrar no caso. A sociedade torce para que os frutos surjam em breve.