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Oswaldo Dias quer nova imagem a Mauá
Juliana Finardi
Do Diário do Grande ABC
17/03/2001 | 19:00
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Pela primeira vez no atual mandato, o prefeito Oswaldo Dias (PT-Mauá) fez um balanço da situação que deve enfrentar durante os próximos quatro anos no comando do Executivo.

Na última segunda, Oswaldo Dias recebeu o Diário em seu gabinete. Ele sonha com o dia em que os munícipes terão orgulho de morar em Mauá, uma cidade que, segundo ele, tem adquirido novas experiências desde 1997 quando um dos desafios era, por exemplo, “criar condições de tráfego na cidade que não tinha nem rua asfaltada, era só buraco. Hoje, temos de controlar a questão da violência no trânsito”.

Dias também comentou seu relacionamento com o Legislativo, alterações no secretariado e denúncias de direcionamento na licitação da Fama (Faculdade Mauá).

Diário – Quais as principais dificuldades que o sr. está enfrentando no começo desse novo mandato?
Oswaldo Dias– O que nós temos de considerar é que é um outro mandato, embora o governo seja o mesmo e pressuponha-se um processo de continuidade. Mas as realidades são outras: o nosso parâmetro é o nosso próprio governo de quatro anos. Em 1997, não tinha nem rua asfaltada, era só buraco. O desafio era criar condições de tráfego na cidade. O desafio, agora, é a questão da violência no trânsito. As condições são outras em vários aspectos. Primeiro, temos de considerar o que é bom: adquirimos experiência, então, não estamos partindo do zero. Mas é evidente que as experiências agora são outras. Somos mais exigentes, modernizamos a administração em determinados aspectos, criamos, por exemplo, a praça de atendimento na Prefeitura e sabemos que essa praça tem de partir de uma visão de governo que atinja todos os pontos da cidade onde o munícipe é atendido num balcão ou num espaço, seja um posto de saúde ou uma creche. Eu avalio as perspectivas, não considerando o aspecto econômico das dívidas e possibilidades de seqüestro e retenção. Se a gente não considerar isso, eu avalio as expectativas no início desse mandato melhores; tem coisas mais concretas, de grande volume, sendo realizadas na cidade: a implementação de uma faculdade, a afirmação do traçado do Rodoanel fazendo um trevo de acesso aqui em Mauá, a construção do shopping que está a todo vapor e que será inaugurado até o fim do ano, o teatro municipal, que está em andamento e pretende-se inaugurar mais rápido, no meio do ano. São grandes obras e empreendimentos que estão em andamento. A questão da saúde, no que pese toda a dificuldade, por razões evidentes de deterioração da saúde da população, por falta de alimentação, por desemprego. Caminhamos principalmente com a saúde da família para melhorar e muito essa área. Evidentemente que agora estamos iniciando esse mandato com a solidificação desse processo. A implementação do médico de família, agora, acredito eu, que está dando resultado no sentido de educação da população de maneira preventiva. A expectativa que eu tenho hoje é melhor do que a que eu tinha em 1997, porque cada coisa que a gente fazia, cada sucesso, era uma coisa deslumbrante. As dificuldades são as que existem em outras cidades. Acho que Mauá caminha para ser uma cidade que marcará presença no ABC com bastante força. Mauá tem de conquistar sua importância no ABC, até porque é uma cidade nova se compararmos com Santo André, que tem 400 e tantos anos; Mauá tem 40 e poucos. Eu poderia até citar um exemplo que a gente sempre usou – que Mauá tem de buscar sua auto-estima. Já foi pior no passado mas ainda não é muito boa. Tem uma publicidade no jornal, por exemplo, dizendo o seguinte: aqui está o Habib’s, ali está o McDonald’s, o teatro, o Wall Mart, o Carrefour. E o anúncio principal é que está na divisa com Santo André. Isso demonstra que para vender Mauá é preciso estar perto de Santo André. É evidente que precisamos conquistar esse apreço a tal ponto que as pessoas se orgulharão de morar em Mauá. O que o loteador capta quando o cidadão vem comprar um lote é que se for na divisa com Santo André deve valer mais.

Diário – Com relação a essa experiência que o sr. disse que adquiriu nesse novo mandato, o sr. vai ter uma nova atitude com relação às finanças?
Dias – São coisas novas. Se compararmos, eu, como vereador, na época, coloquei uma comissão para estudar as finanças do município, as dívidas. Afirmava-se que Mauá tinha uma dívida muito maior do que era realmente. Agora, nós temos um diagnóstico mais razoável dessa dívida. Diria que nem toda ela é problema imediato. Por exemplo, tem uma dívida com a Sabesp que só vai ser problema no caixa quando for paga. Também estamos tentando achar uma saída para as desapropriações, que acho que são o maior problema. Os precatórios estão sendo negociados – nós só não podemos quebrar a ordem cronológica. Temos alguns caminhos para percorrer porque pagar as dívidas no global é difícil mas no pontual, no caso de grandes dívidas, como a com a Caixa Econômica, o nosso grande desafio é fazer com que a Caixa acompanhe o que foi gasto em Mauá, ou seja, se há um prejuízo ocasionado por essa obra, tudo cai única e exclusivamente na população de Mauá, porque essa obra foi superfaturada, ela não tem esse valor e não beneficiou praticamente nada em Mauá, ou seja, não é justo que Mauá pague sozinha. Com relação aos precatórios, é uma situação muito interessante. O primeiro a ser pago, por exemplo, é uma área que vale em torno de R$ 40 milhões. Já foi pago quase tudo e ainda estão pedindo mais R$ 13 milhões, R$ 14 milhões. Outra área, por exemplo, é uma que eu possa ceder para o CDHU. A área vale R$ 1 milhão, o precatório já vale R$ 8 milhões.

Diário – Qual o valor total da dívida hoje?
Dias – É de R$ 800 milhões se juntarmos todas as dívidas. Está na hora de fazermos um novo balanço.

Diário – Com relação ao seu secretariado, o vereador Wagner Rubinelli chegou a aceitar a pasta de Assuntos Jurídicos mas depois recusou. O sr. já decidiu como vai ficar?
Dias – Infelizmente eu vou ficar te devendo, porque o Pedro Lovato continua no Jurídico e ainda não tenho uma definição. Mas ainda poderá haver algumas mudanças. Eu não poderia te adiantar. Não é que eu já sei e não quero passar para você, é que eu não sei mesmo (na última quinta-feira, o prefeito confirmou a saída de Jairo Georgetti da Secretaria de Saúde).

Diário – A indecisão do Rubinelli atrapalhou seus planos?
Dias – Não. Eu tinha a idéia de convidar alguém do Legislativo. Ou até mais de um numa determinada época. O Hélcio (da Silva) ou o Wagner Rubinelli. Quanto ao Rubinelli, o vereador já está no terceiro mandato, seria bom para ele, para o partido e para a administração pública. Mas não há grandes problemas.

Diário – Com relação até a esse convite, como está o seu relacionamento com o Legislativo neste mandato?
Dias – A relação com o Legislativo é boa, somos poderes independentes. Temos constituída lá uma boa sustentação, queremos caminhar um pouco mais e estamos compondo o que podemos chamar de um conselho político. Esse conselho envolveria todos, não só vereadores mas o prefeito, o vice, os secretários de governo, provavelmente umas 15 pessoas que fariam discussões gerais e políticas, não só sobre projetos específicos. Quero ver se a gente trabalha um pouco diferente do passado, quando tivemos uma posição muito caso a caso.

Diário – O próximo projeto que o sr. vai enviar à Câmara será uma proposta de reforma administrativa?
Dias – Não, não é isso não.

Diário – Qual será o próximo projeto?
Dias – Não tenho nenhum projeto. Tem alguns reajustes que precisam ser feitos como realizar concurso público. Desde que nós entramos, as dificuldades eram muitas e continuam. Mas ainda não sei quando estarão prontos esses projetos.

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