Existem hoje no Grande ABC, de acordo com estimativas do Regran (sindicato dos postos da região), apenas sete postos de combustível que oferecem abastecimento de GNV (Gás Natural Veicular). Em 2005 eram 20 estabelecimentos.

Um dos motivos que levaram postos a deixar de trabalhar com o gás natural, ou mesmo que fecharam as portas, foi o alto custo para implementar o sistema de abastecimento, de R$ 1 milhão. Para se ter ideia, o investimento necessário para abrir um posto fica em torno de R$ 1,5 milhão.

Além disso, pontua o gerente do Regran, Roberto Rodrigues, é preciso terreno maior, pois o sistema tem que ficar mais afastado das demais bombas por motivos de segurança, e profissionais treinados. "O lucro para o dono do posto é pequeno, pois pouca gente ainda tem o kit gás. Se o governo incentivasse o financiamento dele, que custa entre R$ 2.500 e R$ 4.000, mais pessoas poderiam utilizá-lo."

Um dos postos que ainda oferecem o GNV, em São Bernardo, sentiu bastante a queda na procura pelo gás natural. "Não pensamos em tirar o gás, embora não dê lucro nenhum e tenha manutenção alta", afirma o gerente Adriano Gomes, que relata que três anos atrás 40% dos clientes abasteciam com o combustível e, hoje, no máximo 10%.

Outro estabelecimento que não deixou de trabalhar com o GNV, em Santo André, acredita que a diminuição do número de postos com esse tipo de bomba resultou no aumento da demanda pelo gás. "Nós vamos manter porque a procura está boa", afirma o gerente adminstrativo Edson Silva.

Para o proprietário da mecânica Auto Chevy Center, Denis Marum, um dos motivos que reduziram o número de pessoas com o kit gás é que abastecer com GNV diminui a vida útil do motor em 80%, na comparação com outros combustíveis. "Como ele é seco, o desgaste é maior. Já a gasolina ou o álcool lubrifica as paredes do cilindro." E ressalta que, neste caso, a necessidade de se trocar o óleo a cada 5.000 quilômetros é ainda maior.

Hoje, o GNV é encontrado na região de R$ 1,29 a R$ 1,49; o etanol, entre R$ 1,89 e R$ 1,99 e, a gasolina, de R$ 2,59 a R$ 2,69. O abastecimento foi totalmente normalizado no fim da semana passada, após a paralisação dos caminhoneiros.