Economia Titulo Política monetária
Mercado já projeta Selic de 9%
Pedro Souza
Do Diário do Grande ABC
20/03/2012 | 07:06
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As indicações do Banco Central sobre novas reduções na taxa básica de juros Selic, publicadas na ata do Copom (Comitê de Política Monetária do BC) na semana passada, surtiram efeito nas expectativas do mercado financeiro. Os analistas e economistas que contribuem para a formação do Boletim Focus, divulgado ontem pela autoridade monetária, mudaram suas previsões. Agora eles esperam a Selic em 9% ao ano na próxima reunião do Copom, marcada para os dias 17 e 18. O Focus da semana passada trazia projeção de 9,25% ao ano.

Hoje, a Selic está em 9,75% ao ano. A medida, redução de 0,75 ponto percentual, foi anunciada no dia 7. Na mesma semana, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que não seria necessário mexer no rendimento da caderneta de poupança por causa da queda na taxa básica. Mas se os juros atingirem os 9% ao ano, o discurso do governo federal pode mudar.

Na avalição do professor de Finanças do Insper e da FIA Ricardo Humberto Rocha, mesmo que a Selic atinja 9% em abril, ainda não haverá motivos para preocupação. "A grande questão é quando a taxa de juros chegar a 8%", destacou. Ele explicou que neste percentual, os títulos, que são tributados, apresentarão rentabilidade menor, isso ao considerar que cerca de 20% da taxa viram impostos. O retorno atingiria 6,5% ao ano, o mesmo percentual anual que a poupança apresentava ontem aos seus aplicadores, desconsiderando a TR.

A redução na Selic deixa os títulos públicos menos rentáveis. E se a atratividade desses ativos atingir patamar menor do que a poupança, o risco de migração dos grandes investidores, como empresas, bancos e fundos de investimentos, aumenta. E elevando o montante da caderneta, o governo terá que reduzir a rentabilidade para dar conta de pagar todos os aplicadores.

O professor de Economia do Ibmec Márcio Savalto analisou que a trajetória de baixa da Selic aponta para alteração na modalidade mais segura de investimento. "É certa uma mudança. A regra da poupança deve ser alterada em caso de redução mais acentuada nos juros", disse. "A inflação está diminuindo, com isso a rentabilidade real da poupança aumentando. Então cabe alteração na modalidade", argumentou o acadêmico.

 




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