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Advogada de Badan diz que Sanguinetti recebeu R$ 200 mil para contestar laudo
Do Diário do Grande ABC
10/12/1999 | 16:40
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O médico legista Fortunato Badan Palhares decidiu processar por crime contra honra o perito alagoano George Sanguinetti, que em depoimento à CPI do Narcotráfico, quinta-feira, o acusou de ter recebido R$ 400 mil para forjar o laudo sobre as mortes do empresário Paulo Cesar Farias e sua namorada, Suzana Marcolino, em 1996. Os advogados de Badan também ingressaram nesta sexta-feira no Conselho Regional de Medicina com uma açao contra Sanguinetti, por quebra de ética e uso indevido de título.

A advogada Tereza Doro, que defende Badan, voltou a desafiar o ex-governador de Alagoas Geraldo Bulhoes a provar que seu cliente teria recebido dinheiro para forjar o laudo. "Se ele (Bulhoes) tem alguma testemunha, entao terá de apresentá-la publicamente para dizer onde, quando, como e a mando de quem meu cliente recebeu o dinheiro", disse. "Se essa suposta testemunha nao for apresentada, vamos interpelá-lo na Justiça por crime contra honra."

A advogada também contestou a versao de que, à época da elaboraçao do laudo, o extrato bancário de Badan teria indicado uma movimentaçao financeira no valor de R$ 400 mil. Segundo ela, a única movimentaçao diferente na conta de Badan em 96 refere-se à venda de um imóvel. "Mesmo assim, o negócio foi feito antes da morte de PC, no valor de R$ 120 mil", afirma.

Tereza disse que a análise das contas bancárias de Badan, cujo sigilo foi quebrado a pedido da CPI do narcotráfico, comprovarao a versao do legista. "Temos todos os extratos e nao foi constatada nenhuma irregularidade", garante. Segundo ela, a Receita Federal também já realizou um 'pente fino' nas últimas cinco declaraçoes de renda do perito e nao encontrou irregularidades.

A advogada disse possuir informaçoes de que Sanguinetti teria recebido R$ 200 mil para levantar a suspeita de duplo homicídio sobre as mortes do empresário PC e Suzana. "Nao posso provar, mas ouvi esses comentários em maio, quando estive em Maceió para conhecer o inquérito", disse. Os comentários, segundo ela, circularam no Fórum de Maceió, onde "todos consideram Sanguinetti um homem com problemas".

A advogada apresentou uma carta que teria sido escrita por Sanguinetti que, segundo ela, prova que o perito alagoano faz pareceres sob encomenda para ganhar porcentagens nas indenizaçoes judiciais. No texto, datado de 22 de junho de 1997, há um pedido para que seja depositado em sua conta bancária R$ 500 como 'recursos mínimos' para elaborar um parecer sobre a morte de um bebê, ocorrida na creche da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Em outro trecho, diz que fixará seus honorários de acordo com o valor da indenizaçao.

A advogada também apresentou um relatório da promotora de Justiça de Maceió, Faildes Soares Ferreira de Mendonça, apontando falhas no parecer que Sanguinetti elaborou sobre as mortes de PC e Suzana.

Segundo o documento, que consta do inquérito, o parecer contém "desvios de interpretaçao, maliciosamente manipulados, para sustentar, sem respaldo técnico, as afirmaçoes sensacionalistas do Dr. George Sanguinetti".

Tereza disse que, apesar de ser professor de medicina legal da Universidade Federal de Alagoas, até 1996 Sanguinetti jamais havia realizado uma necrópsia. Um relatório da Secretaria de Segurança Pública de Alagoas informa que, até aquele ano, Sanguinetti havia participado da elaboraçao de apenas três laudos, referentes a casos de lesao corporal, como perito revisor. "Ele nao pode apresentar-se como legista, porque para isso é preciso ser concursado", disse a advogada.

Para a advogada, as acusaçoes levantadas contra Badan teriam um fundo político. "Há informaçoes de que Sanguinetti desejaria candidatar-se a prefeito de Maceió", disse. Em sua opiniao, porém, o perito alagoano estaria sendo sustentado por algum político de peso no Estado. "Precisamos saber quem está por traz disso tudo".




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