Economia Titulo Trabalho
Taxa de desemprego é a maior desde 2004

Percentual de 17,5% é o mais alto para meses
de fevereiro; região possui 244 mil sem emprego

Gabriel Russini
Especial para o Diário
30/03/2017 | 07:18
Compartilhar notícia
Divulgação


A taxa de desemprego avançou nas sete cidades em fevereiro, passando de 17% para 17,5%, o que, em números, significa aumento de 11 mil profissionais no contingente dos desocupados, totalizando 244 mil pessoas. Em janeiro, 233 mil se encontravam ‘fora de combate’, o equivalente às populações de São Caetano e Ribeirão Pires. Trata-se do maior percentual para o mês desde 2004, quando a taxa registrada havia sido de 19,6%.

Os dados são da PED (Pesquisa de Emprego e Desemprego), realizada pelo Seade/Dieese e divulgada pelo Consórcio Intermunicipal. O estudo tem como base entrevistas domiciliares em cerca de 600 residências do Grande ABC e considera todo o tipo de emprego – formal, informal, autônomo e temporário.

Quando se compara a fevereiro de 2016, o aumento do número de desempregados é ainda maior, com acréscimo de 25 mil profissionais. À época, havia 219 mil sem ocupação, e a taxa era de 15,7%.

A PEA (População Economicamente Ativa), soma de pessoas empregadas e em busca de ocupação, também subiu, de 1,370 milhão para 1,392 milhão. Significa dizer que aumentou a procura por vagas. Para o economista do Dieese César Andaku, no entanto, essa alta não tem relação com a melhora da economia, como costuma ocorrer quando a PEA aumenta. “Acredito que as pessoas estão procurando mais (emprego) em razão da situação econômica individual, que está ruim”.

O setor que puxou o mau resultado em fevereiro foi a indústria, ao eliminar 19 mil postos em um mês. Os demais segmentos ficaram estáveis. O número de pessoas que atuam com carteira assinada caiu de 621 mil para 614 mil. Em contrapartida, o volume de autônomos aumentou de 189 mil para 191 mil. Nesta estatística se encaixa a andreense Andrea Fattori, 38 anos, que perdeu o emprego como auxiliar de logística em fabricante de pneus da região em maio de 2016, onde trabalhou por três anos. “Nunca fiquei tanto tempo sem emprego. Antigamente, quando estava desempregada, ficava tranquila, porque parava por um ou dois meses no máximo”. A alternativa foi se reinventar para pagar as contas enquanto não consegue se recolocar no mercado formal. Ela então colocou seu carro ‘para jogo’ e começou a oferecer serviço de Uber. “Não posso ficar sem trabalhar”, desabafa.

O ramo de serviços também apresentou alta em seu contingente, ao passar de 620 mil empregados em janeiro para 642 mil no mês passado. Questionado sobre possível aumento de postos nesta área e no comércio, caso a lei da terceirização seja sancionada pelo presidente Michel Temer (PMDB), Andaku afirma que a possibilidade existe. “É algo que devemos considerar. Creio que as empresas vão se beneficiar por pagar menos encargos, o que é ruim para o trabalhador, que pode sofrer redução no salário. Porém, isso pode gerar postos.”


Pesquisa regional corre o risco de perder divulgação pelo Consórcio


Em razão do corte de repasses de verba do Consórcio Intermunicipal para a Agência de Desenvolvimento Econômico, anunciado pelo prefeito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB), em janeiro, a PED (Pesquisa de Emprego e Desemprego) corre sério risco de não ser mais divulgado mensalmente na sede da entidade.

Representantes do Seade/Dieese afirmaram que o levantamento de fevereiro foi o último a ser apresentado. Em contrapartida, o secretário executivo do Consórcio, Fabio Palacio (PR), disse que o assunto ainda está em negociação, além de ressaltar que o contrato entre as partes vai até maio.

O Seade/Dieese realiza o estudo no Grande ABC desde 1998, o que deve continuar sendo feito.

O prefeito de Santo André, Paulo Serra (PSDB), eleito na quarta-feira o novo presidente da Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC, revelou com exclusividade ao Diário que o orçamento para este ano não vai ultrapassar os R$ 500 mil e que ele buscará apoio da iniciativa privada. Em 2016, a Agência contou com R$ 1,45 milhão nos cofres. 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;