Um radar de velocidade instalado na altura do número 800 da Avenida Capitão João, em Mauá, pega de surpresa os motoristas que trafegam nos dois sentidos da via. Apesar de haver placas que indicam a fiscalização eletrônica, o equipamento está fixado na estrutura do Viaduto da Saudade, impossibilitando a visibilidade do aparelho.

O modo como o radar está colocado desrespeita determinações do Contran (Conselho Nacional de Trânsito). A resolução 214 do conselho, publicada em novembro de 2006, aponta que os radares devem ser instalados de forma que garantam "ampla visibilidade" dos equipamentos.

Outro fator que contribui para pegar os motoristas desprevenidos é a mudança repentina no limite de velocidade. Para quem trafega em direção ao viaduto pela pista da Capitão João, sentido Centro, a velocidade máxima é de 60 km/h por hora. Na altura do número 1.080 da via, a aproximadamente 300 metros do radar, o limite cai para 50 km/h.

O estudante de Direito Gustavo Moscardo Domingues, 22 anos, foi multado no local há cerca de um mês e protesta contra a camuflagem. "Eles não cumprem a função dos radares, que é diminuir os acidentes. Eles (radares)estão escondidos. Isso é pura arrecadação." Domingues revela que sua mãe também foi multada pelo mesmo equipamento.

O coordenador de expedição Julio Calegari, 44, é outro que foi multado naquele ponto da avenida. Morador de São Caetano, ele afirmou desconhecer a existência do equipamento. "A avenida inteira é 60 (por hora) e naquele trecho tem uma placa que indica que muda para 50", reclamou. "Embaixo do viaduto não é perigoso, não tem motivo para reduzir. A intenção não é orientar, é tirar dinheiro", acrescentou.

A reportagem do Diário esteve no local e constatou que muitos motoristas não reduzem a velocidade ao passar pelo radar escondido.

Funcionários de um posto de combustíveis nas proximidades do viaduto revelam que é comum ver motoristas fotografando o radar para anexar a imagem na solicitação de recurso da multa. "Tem um cliente meu que diz ter tomado oito multas aqui", revelou o frentista Roberto Miranda, 25.

Comerciantes vizinhos e motoristas divergem da Prefeitura quanto à data de instalação do equipamento. Os primeiros apontam que o radar foi colocado há cerca de seis meses, enquanto a administração diz que a implantação foi no segundo semestre do ano passado.

Prefeitura admite mudar equipamentos

A Prefeitura de Mauá admitiu ontem ao Diário que poderá alterar a localização dos radares na Avenida Capitão João. Segundo a administração municipal, o motivo da fixação do equipamento no viaduto foi economizar com a compra e instalação de postes.

O Executivo ressalta que não teve o objetivo de esconder o radar para aumentar a arrecadação. Caso a troca seja efetivada, os radares deverão continuar nas proximidades do viaduto, mas em um ponto visível.

A administração informou ainda que as câmeras foram instaladas próximas ao Viaduto da Saudade para que o motorista reduza a velocidade ao cruzar com a Avenida Portugal.

A Prefeitura garante que, antes da instalação, o cruzamento era um dos pontos com maior número de acidentes na cidade. No entanto, não divulgou quantas ocorrências foram registradas e quanto os radares em questão já arrecadaram com multas.

Em relação à diminuição do limite de velocidade a poucos metros do viaduto, a Prefeitura informou que o objetivo da mudança é fazer com que os motoristas cheguem à curva próxima ao local em baixa velocidade.

Todos os equipamentos de fiscalização eletrônica do município, diz a Prefeitura, foram instalados no segundo semestre de 2009.