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Até quando?

Enchentes continuam a castigar Grande ABC;
especialistas da área solicitam novos projetos

Daniel Macário
Do Diário do Grande ABC
19/03/2017 | 07:13
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Nario Barbosa/DGABC


Prefeitos do Grande ABC seguem insistindo em aplicar modelos considerados insuficientes por especialistas no combate às enchentes na região. Enquanto as inundações, mais uma vez, voltaram a causar transtornos à população neste ano, municípios continuam a limitar suas ações em limpeza e manutenção de vias, além de creditar aos piscinões a responsabilidade de suportar grande volume de água durante tempestades. Para engenheiros, o processo precisa ser revisto com urgência.

Em pauta na região há pelo menos 17 anos, quando o Consórcio Intermunicipal do Grande ABC iniciou o debate para elaboração de um plano de combate à enchente, as ações que visam proteger a população dos constantes transtornos causados pela chuva pouco avançaram nos últimos anos.

Embora o Consórcio tenha entregado no ano passado estudo amplo sobre o planejamento estratégico da macro e microdrenagem do Grande ABC, com custo estimado de R$ 2 bilhões para execução dos projetos propostos, prefeitos eleitos limitaram esforços nos primeiros três meses deste ano para cobrar do Estado limpeza regular de 19 piscinões espalhados pela região, além da construção do reservatório Jaboticabal, projeto este engavetado em 2012 pelo Estado por apresentar série de problemas.

“Os prefeitos ainda têm uma visão muito tradicional da problemática de enchentes na Região Metropolitana. É preciso avaliar que essas ações de limpeza de piscinões ajudam, mas nos últimos anos foram insuficientes para resolver o problema. Os gestores precisam ir mais a fundo nessa discussão, caso contrário, o problema vai se arrastar da forma que ocorre hoje”, avalia o professor de Engenharia Hídrica da Universidade Presbiteriana Mackenzie Antônio Eduardo Giansante.

O alerta já havia sido feito também pelo engenheiro civil e especialista em recursos hídricos e saneamento Júlio Cerqueira César Neto. “Não tem sentido insistir em uma fórmula que apresenta problemas. Do que adianta continuar realizando uma limpeza periódica se quando chove o acúmulo de lixo persiste lá durante semanas?”

Para ambos, além da expansão de um plano de macro e microdrenagem, cabe ainda a adoção de medidas simples, mas com eficácia no combate às enchentes.

“Temos como exemplo a construção de pequenas piscinas em locais isolados da cidade que, historicamente, sofrem com enchentes. Você retendo essa água vai ajudar de maneira significativa, assim como aconteceu em Paris (França) que adotou modelo similar”, avalia Giansante.

Prefeituras destacam ações de limpeza em córregos e vias

Com menos de 90 dias de trabalho por parte dos novos gestores e sem estudos aprofundados sobre o tema, prefeituras da região destacaram trabalhos modestos para o combate às enchentes na região.

Santo André, que possui seis piscinões em operação, sendo quatro deles municipais e dois estaduais, reforçou por meio do Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André) o empenho da administração em efetuar durante todo o ano a limpeza das bocas de lobo – em média, 3.500 por mês, retirando resíduos e também contribuindo para prevenir enchentes e alagamentos.

Em São Bernardo, segundo o prefeito Orlando Morando (PSDB), além de o Paço executar série de ações preventivas, como limpezas de vias e galerias, ainda é possível citar o empenho da administração em concluir o mais brevemente possível o projeto Drenar. “Será reforço enorme para o combate à enchente da região. Estamos empenhados em agilizar o processo, mas vale destacar o procedimento regular que o Paço tem em conscientizar a população e manter a manutenção da cidade.”

Secretário de Obras e Habitação de São Caetano, o arquiteto Enio Moro Júnior destaca o empenho do Paço em efetivar ações previstas no plano de micro e macrodrenagem do município. “Paralelo a isso temos um diálogo com o Estado para a construção do piscinão Jaboticabal, promessa antiga e que ajudará a cidade.”

Em Ribeirão Pires, onde o decreto municipal da Operação Verão Seguro 2016/2017 estende até o dia 15 de abril ações de combate a enchente, o coordenador da Defesa Civil, Cesar Theodoro, exalta a conscientização da população sobre o tema. “O trabalho é pautado pelo treinamento de nossos agentes e pelas ações preventivas, como vistorias e orientações aos moradores para minimizar os efeitos causados pelas chuvas na cidade.”

Rio Grande da Serra relatou o acompanhamento e ações preventivas diárias, assim como demais municípios. Mauá e Diadema não retornaram aos questionamentos.

Reunião deve definir futuro do piscinão Jaboticabal

Em reunião na última segunda-feira na Secretaria Estadual do Meio Ambiente, o subsecretário de Assuntos Metropolitanos, Edmur Mesquita, representante do Estado no Consórcio, informou que marcará encontro entre o prefeito de São Caetano, José Auricchio Júnior (PSDB), e o secretário municipal de Serviços e Obras de São Paulo, Marcos Penido, em data ainda a ser definida, com o objetivo de destravar as questões relativas à construção do piscinão Jaboticabal.

Com custo estimado em R$ 392,8 milhões, beneficiando 931,9 mil habitantes da região, o piscinão Jaboticabal seria construído em São Bernardo, nas proximidades da Via Anchieta, e na confluência entre os ribeirões dos Couros e dos Meninos, na divisa com São Caetano e Capital.  




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