No pior momento político de seu mandato desde que reassumiu o comando do Paço, em 2008, o prefeito de Mauá, Oswaldo Dias (PT), tomou uma decisão considerada por muitos petistas da cidade como radical: convidou seu desafeto Márcio Chaves (PT) - que foi vice-prefeito nos dois primeiros mandatos de Oswaldo - para assumir cargo no primeiro escalão.

O chefe do Executivo quer Márcio no comando de uma secretaria na área de infraestrutura, provavelmente a de Serviços Urbanos, atualmente dirigida por Marcos Gaia. É na Pasta que são realizadas ações de combate a enchentes e que tem sob seu guarda-chuva a Defesa Civil municipal.O orçamento deste ano da secretaria é de R$ 38,3 milhões, o que corresponde a 6,84% do total do município, de R$ 560 milhões.

Na conversa, realizada ontem, Oswaldo reconheceu as dificuldades da Prefeitura, principalmente na condução das ações por conta das fortes chuvas na cidade, que resultaram em seis mortes. A chegada de Márcio no Paço, por volta das 17h, causou burburinho entre os funcionários. O ex-vice-prefeito só deixou o gabinete de Oswaldo às 21h.

A definição da função de Márcio na Prefeitura de Mauá deverá ocorrer ainda nesta semana. Fora do cenário político desde que deixou a Secretaria de Governo de Araçatuba, o ex-vice-prefeito - que tentou, sem sucesso, cadeira na Assembleia Legislativa, na eleição de outubro - deverá aceitar a missão, apesar da má avaliação da administração petista.

Com isso, garante holofote para possível disputa interna com o atual vice, Paulo Eugenio Pereira Júnior, e o deputado estadual Donisete Braga, que brigam pela vaga de prefeiturável, na hipótese de Oswaldo não tentar a reeleição.

MAIS MUDANÇAS

Márcio não deverá ser a única novidade na segunda metade do governo Oswaldo. O prefeito tem confidenciado ao seu staff a intenção de trazer para a Prefeitura ex-secretários que deram certo nos dois primeiros mandatos. Um deles é Sérgio Trani, que comandou as Finanças em Mauá e atualmente é chefe de gabinete do deputado federal Cândido Vaccarezza (PT).

TÚNEL DO TEMPO

Oswaldo e Márcio travam disputa interna no PT desde 1988. De lá para cá, somente os dois foram candidatos do partido a prefeito de Mauá. O último confronto direto foi em 2007, quando Oswaldo venceu Márcio na prévia para escolher o candidato para disputar a sucessão de Leonel Damo.

Mas o grande conflito entre os dois ocorreu em 2004, quando Márcio, na época candidato a prefeito, teve o registro de sua candidatura cassado poucos dias antes do segundo turno. A decisão da Justiça Eleitoral foi motivada pela realização da exposição Túnel do Tempo, com fotos e vídeos das ações do governo, promovida pela Prefeitura. Márcio chegou a responsabilizar Oswaldo pela sua cassação, que sempre alegou não ter tido culpa pelo episódio.

Procurado ontem à noite, Márcio não foi localizado para comentar o assunto.