Palavra do Bispo Titulo
Quaresma e CF 2017
Por Dom Pedro Cipollini
06/03/2017 | 07:00
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A Igreja Católica está no período de quaresma. As quaresmeiras floridas de roxo aqui na região recordam-nos a quaresma; período que nada tem a ver com as superstições a seu respeito, muitas das quais ainda perduram. E a Quarta-Feira de Cinzas, que abre a quaresma, não existe só como purificação das festas do Carnaval, mas como sinal de boa vontade em ouvir a palavra de Deus e praticá-la.

Quaresma são os 40 dias que precedem a Páscoa: evento da vitória de Jesus, o Filho de Deus, sobre a morte. Jesus passou por esta experiência, ficou 40 dias no deserto, orando, jejuando, enfrentando as forças misteriosas do mal e vencendo-as, antes de iniciar sua missão (Mt 4,1-11). A quaresma recorda este período, convidando-nos a imitar Jesus na oração, no jejum e na penitência, gestos que ajudam a reorganizar nossa vida interior, reorientando-a para Deus, num processo que a Bíblia chama de conversão.

O termo conversão pertence à tradição religiosa do judaísmo e do cristianismo. Converter-se é afastar-se daquilo que toma o lugar de Deus em nosso coração (os ídolos). Conversão é condição indispensável para entrar no dinamismo do Reino de Deus, é mudança de mentalidade e de conduta, é sair do pecado que nos torna inimigos de Deus.

O conceito de pecado é rejeitado pela sociedade hodierna, porém, é realidade que aparece em todas as religiões e culturas, com este ou outro nome. A existência do pecado é fruto de uma experiência pessoal e histórica do homem, sinalizado pelo sentimento de culpa, que é um dado constante da psicologia humana.

O mal, o ‘mistério da iniquidade’ (cf. 2 Tes 2,7), presente na realidade, ultrapassa qualquer explicação científica. Ele está aí, mesmo quando se nega sua existência, com seu rastro de violência, ódio, divisão, injustiça, causando grande infelicidade e destruição.

Na quaresma a Igreja nos oferece um tema de reflexão que possa nos conduzir à mudança, à conversão. A Campanha da Fraternidade deste ano (CF-2017), tem como tema ‘Fraternidade: Biomas Brasileiros e Defesa da Vida’ e o lema: ‘Cultivar a Criação’ (Gn 2,15), chamando a atenção para a conservação da natureza, do meio ambiente. Os biomas são áreas especiais, onde a criação se desenvolve de modo particular e harmônico, como, por exemplo, a Mata Atlântica, a caatinga, os serrados etc. O tema da campanha e seu objetivo são levar-nos a refletir, despertando em nós o desejo de encontrar novas formas de relacionamento com a natureza.

Deus colocou o ser humano para cuidar da terra, ser o zelador e jardineiro do planeta, mas infelizmente não é isso que acontece. Em vez de realizar seu papel de colaborador de Deus na obra da criação, o homem substitui-se a Deus e, desse modo, acaba de provocar a revolta da natureza, mais tiranizada que governada por ele.

Que a cor roxa da penitência quaresmal nos recorde o apelo do Senhor Jesus: “Convertei-vos e crede no Evangelho” (Mc 1,15), Evangelho que é salvação e vida para toda a humanidade, e também para a natureza, obra das mãos de Deus.
 




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