A direção da GM (General Motors) confirmou ao Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano, segundo informações divulgadas ontem pela entidade, que pretende manter a unidade em funcionamento no município ao menos até 2028. Para isso, programa investimento entre US$ 800 milhões e US$ 3 bilhões na modernização da planta. Em contrapartida, a companhia norte-americana reduziu direito dos trabalhadores.

“Conversamos muito. Readequamos tudo para receber o investimento necessário”, relatou o vice-presidente do sindicato, Francisco Nunes. A GM ameaçava encerrar a produção em São Caetano, alegando que a linha de produção era obsoleta e só tinha mais quatro anos de vida útil, caso os 9.000 funcionários da unidade não aceitassem o corte de alguns benefícios.

Após intensas negociações entre diretores da montadora e representantes do sindicato, as partes chegaram a acordo na noite de quinta-feira. A GM garantiu o investimento na modernização das linhas de montagem, o que permitirá que novo modelo de veículo seja feito no Grande ABC. Em troca, desidratou ao menos uma garantia dos trabalhadores.

Segundo Nunes, o adicional noturno, atualmente de 30%, foi reduzido, de forma escalonada. Em setembro de 2018, o percentual cairá para 27%. Em 2019, para 24% e, por fim, em 2020, para 20%, o mínimo previsto pela legislação. Para novos contratados, o percentual de 20% já passa a valer.

Além disso, a proposta prevê a manutenção dos salários em 2018 em troca de abono. Já em 2020, os contracheques seriam reajustados em 100% da inflação registrada no ano anterior, oferecendo prêmio de assiduidade para evitar faltas. O acordo, fechado na sede da montadora, foi submetido a assembleia com trabalhadores dos dois turnos, no pátio da empresa. Por unanimidade, os funcionários aceitaram os termos negociados.

REMODELAÇÃO

Ainda de acordo com o sindicalista, a GM tem o objetivo de remodelar a fábrica de São Caetano, que já está há mais de 80 anos na cidade. O investimento, que, na cotação de ontem do dólar, varia entre R$ 2,48 bilhões e R$ 9,33 bilhões, permitirá a implementação de nova linha de veículos, o que garante a utilidade da unidade até 2028. Se a reestruturação não fosse realizada, a fábrica só teria vida útil até 2020. A direção da companhia utilizou a informação como forma de pressionar os funcionários a rever direitos e a abrir mão de reajuste de salários.

A GM para a produção por um mês a partir de segunda. A Volkswagen, em São Bernardo, suspendeu sua linha na quarta e só retorna dia 5. A Ford, na mesma cidade, ficará parada do dia 6 ao 26. Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, região tem 1.079 trabalhadores em lay-off.