É praticamente impossível enxergar o chão de uma residência localizada na Avenida Guerino Stella, no Jardim Zaíra, em Mauá. Andando com seu carrinho de mão para lá e para cá, o dono da propriedade, José Jorge Dias dos Santos, 62 anos, tem utilizado a garagem da casa e espaços públicos da via para separar e armazenar lixo, que é vendido posteriormente.

O espaço mal iluminado abriga bancos de carros, mesa de computador, lâmpadas, guarda-roupa, geladeira, entre outros objetos. Calçadas e praças em frente ao imóvel são ocupadas também pelos materiais, separados por Santos. Os moradores do entorno relatam casos de dengue, atribuindo a culpa ao acumulador.

Mareci Aparecida Cintra Barbosa, 52, conta que ela, o marido e a filha pegaram dengue em 2016, problema que deixou a família adoentada por 15 dias. “Aqui nessa rua várias pessoas pegaram. Esse lixão está há mais de dois anos. Ele acumula de tudo, vai nas lixeiras, pega lixo e joga tudo lá dentro”, afirma, ressaltando que já encontrou uma ratazana dentro de sua residência.

A situação também foi vivida pela dona de casa Edite Almeida, 58. Ela conta que pegou dengue no ano passado, problema que atingiu a nora e o marido. “Ninguém sabe de onde essa dengue vem e fomos todos contaminados.” A moradora destaca que busca conscientizar o acumulador, mas sem sucesso.

Em conversa com o Diário, o catador diz que acumular entulho para vender foi a única alternativa encontrada por não ter emprego. “Eu resido lá no fundo, estou sem dinheiro. Tudo que está acontecendo serve de lição”, afirma.

Em nota, a Prefeitura de Mauá disse que irá realizar vistoria no local a fim de buscar a melhor solução para o problema, que demanda apoio da Assistência Social. A previsão é a de que o serviço de cata-bagulho seja feito hoje na praça com descartes irregulares.