Depois de ouvir por anos do Estado, em obsequioso silêncio, a acusação de que era responsável pelo atraso no início das obras da Linha 18-Bronze do Metrô, que vai ligar o Grande ABC à Capital, a União resolveu falar. E fez um duro ataque à administração do governador Geraldo Alckmin (PSDB). Os ministérios da Cidade e do Planejamento garantiram ao Diário que o empréstimo que a gestão paulista pleiteia para realizar as desapropriações dos imóveis por onde vai passar o traçado sai tão logo São Paulo comprove ter capacidade financeira de honrar os débitos contraídos.

Ao tensionar o debate, Brasília coloca em posição de xeque o Estado, que sempre se escorou no argumento de que só não começava a executar o projeto porque Brasília se recusava, insinuando motivações políticas, a liberar o empréstimo. A nova postura do Planalto, todavia, coloca São Paulo nas cordas. Se tem como atestar sua capacidade financeira, que apresente-as.

Caso contrário, que o governador venha a público e assuma o ônus de ter se comprometido a realizar investimento tão almejado pela comunidade regional sem antes se certificar de que possuía condições de financiá-lo. Talvez por saber que os ministérios estejam com a razão é que o governador tentou se desviar dos questionamentos deste jornal como o diabo foge da cruz na última sexta-feira, quando veio a São Bernardo.

A verdade é que Alckmin usou e abusou da boa-fé dos moradores das sete cidades. Durante as duas últimas eleições para o Palácio dos Bandeirantes, o tucano prometeu inúmeras vezes atender ao desejo da população, que era o de contar com ramal do Metrô no Grande ABC. Todavia, tão logo as urnas lhe garantiram a vitória, o governador sempre encontrava um jeito de transferir a culpa para o governo federal, eximindo-se da responsabilidade pela demasiada demora em dar início às obras da Linha 18. A estratégia já não funciona mais.

Até o governo federal, liderado pelo presidente Michel Temer (PMDB), um aliado do Palácio dos Bandeirantes, demonstra estar com a paciência esgotada.