Se houve necessidade de mudança, de acordo com Goldfajn, isso se dará por causa de expectativas de inflação (do BC, e não apenas do mercado), do nível de atividade e também por causa de fatores de risco, externos e domésticos. "Tudo isso será levado em consideração. Entramos num novo ritmo", reforçou.
Na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu por unanimidade baixar a taxa básica de juros para 13,00%, quando a expectativa majoritária do mercado era de uma redução de apenas 0,50 ponto porcentual (que levaria a Selic para 13,25% ao ano).
Ilan Goldfajn disse que o Brasil está passando por um processo de reformas, citou a área fiscal e microeconômica, também mencionou o interesse em investimentos em infraestrutura. "Do lado do BC, temos trabalhado em reduzir a inflação", afirmou. Ele argumentou que o País passou por um choque e que, ao mesmo tempo que houve uma queda da atividade também foi vista uma elevação da inflação. Este, de acordo com ele, foi o resumo de 2016. "Agora estamos em uma posição melhor do que no ano passado", comparou.
O presidente do BC enfatizou sua tarefa de levar a inflação de 11% em 2015 para 6,3% em 2016. "Isso é uma grande queda e estamos trabalhando nas expectativas." Segundo ele, o BC lutava contra uma inflação elevada e esse trabalho precisa ser feito de forma contínua. "Reduzimos a Selic porque ancoramos as expectativas e a decisão de intensificar veio porque as evidências acumuladas mostraram que poderíamos ir além de 0,5 pp para 0,75 pp", afirmou.
Metas
Ilan Goldfajn disse a jornalistas em Davos que a instituição não trabalha com uma meta para os juros. Ele fez essa observação quando questionado sobre até que nível poderia ocorrer a queda da taxa básica depois da surpresa com o corte de 0,75 pp da Selic, para 13% ao ano, na semana passada.
"Tenho falado e escrito que, com a inflação ancorada, temos espaço para reduzir juros e contribuir para o crescimento econômico. Não é o único fator, é um entre vários e vamos continuar avançando nesta linha", afirmou. "Mas não temos metas para taxas de juros, apenas para inflação", disse em relação à taxa de 4,5% que busca atingir no fim deste ano.
Trump
Sobre possíveis impactos negativos do governo de Donald Trump sobre o Brasil, ele ressaltou que a posse apenas se dará no próximo dia 20 e que medidas protecionistas afetam mais países que têm mais relação direta com os Estados Unidos. "Nosso risco é mais indireto", observou. Sobre o aproveitamento do processo de globalização, ele disse que o Brasil é um país relativamente fechado. "Podíamos ter mais benefícios se fôssemos mais abertos", considerou.
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