Quase 170 mil estudantes das redes municipais do Grande ABC vão iniciar o ano letivo sem receber uniformes. Atoladas em dívidas, fruto da irresponsabilidade dos antigos gestores, as prefeituras de Santo André, São Bernardo, São Caetano, Mauá e Ribeirão Pires – mais Rio Grande da Serra, onde o antigo gestor foi reeleito – informam que terão dificuldade para honrar a entrega dos kits de roupas aos alunos. Mesmo não sendo obrigatória, a distribuição de peças do vestuário aumenta a segurança e garante a dignidade do corpo discente.

Embora a situação atual seja diferente, posto que a maior parte dos prefeitos acaba de assumir o posto, os gestores das cidades do Grande ABC sempre encontraram dificuldades para garantir os uniformes aos alunos. Este Diário, que há quase 60 anos acompanha de perto o dia a dia das administrações, é testemunha de que não é a troca de comando dos Paços a única responsável pela falha na entrega das peças. O que falta é planejamento.

A prova cabal da tese é o que ocorre em Rio Grande da Serra. Apesar de reeleito, o prefeito Gabriel Maranhão (PSDB) também não tem em cofre o valor necessário para comprar os kits. Por quê? Certamente porque faltou ao chefe do Executivo, e aos seus auxiliares diretos, realizar a programação de gastos. Se tivesse feito tal provisionamento, não chegaria às vésperas do início do ano letivo sem dinheiro em caixa. Sem ter agido como recomenda a prudência, resta reclamar.

Como muitos alunos, especialmente os das classes sociais mais baixas, dependem das roupas distribuídas pelas prefeituras para assistir às aulas, especialistas sugerem que os governos municipais, a despeito da crise econômica, organizem forças-tarefas para fornecer uniformes ao menos para os pais que não têm condições de adquirir roupas para os filhos. Fazer a entrega seletiva das peças, de acordo com a renda mensal das famílias, é uma alternativa até que a situação financeira do Brasil volte aos trilhos e permita a retomada da distribuição universal dos kits. É uma saída. Com a qual os estudantes certamente concordarão.