Setecidades Titulo Saúde
Apesar de receber em dia, FUABC atrasa salários e 13º

Prefeituras praticamente quitaram pagamentos
à entidade, mas funcionários e população sofrem

Vanessa de Oliveira
do Diário do Grande ABC
13/12/2016 | 07:51
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Denis Maciel/DGABC


Embora a atual situação do País seja de crise financeira, a FUABC (Fundação do ABC) recebeu, neste ano, quantia polpuda das duas cidades onde gerencia equipamentos da Saúde – Santo André e Mauá. Segundo dados do Portal da Transparência, os contratos firmados junto às duas administrações somam R$ 151,08 milhões e R$ 246,7 milhões em serviços executados, respectivamente, sendo que já foram liquidados pelas prefeituras 94,26% e 14,35% dos montantes. Apesar disso, funcionários da entidade regional têm sofrido com atraso no pagamento dos rendimentos e do 13º salário, o que motiva protestos, paralisações e ameaça de novas greves.

Em Mauá, a FUABC executou, em 2016, R$ 151,08 milhões em serviços. A administração municipal pagou R$ 142,4 milhões, o equivalente a 94,26% do contrato, faltando quitar R$ 11,3 milhões. Já em Santo André foram executados R$ 246,7 milhões em atividades, sendo que o Executivo pagou R$ 211,3 milhões, faltando liquidar R$ 35,4 milhões, ou 14,35%. Outro contrato, no valor de R$ 3,8 milhões, já executado pela entidade regional, foi totalmente pago pela administração andreense.

Até a semana passada, profissionais da Saúde que atuam em Mauá e são geridos pela FUABC estavam com o vencimento de novembro e a primeira parcela do 13º em atraso. A situação foi solucionada na sexta-feira, porém, os trabalhadores continuam em estado de alerta até o dia 20, prazo máximo para o pagamento da segunda parte do benefício.

No território andreense, há trabalhadores que ainda aguardam o salário de novembro e a primeira parcela do 13º, e outros que receberam apenas o vencimento do mês passado.

Reportagem de capa publicada domingo pelo Diário mostrou que o orçamento da instituição para 2017 está estimado em R$ 2,2 bilhões, menor apenas que os dos municípios de São Bernardo e Santo André.

A assessoria da FUABC disse, ontem, que não conseguiria retornar a tempo as informações sobre os valores pagos pelas prefeituras.

Levando em conta o cenário, os atrasos nos pagamentos dos trabalhadores se tornam incompreendidos, além de serem vistos por eles como “ desrespeito”. “A falta de comunicação, esse vazio de respostas e toda essa incerteza que nós, médicos, estamos submetidos, são um descaso com o trabalhador”, disse uma médica da UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Sacadura Cabral, de Santo André. “Estamos fazendo das tripas coração, mas trabalhar sem salário não dá. Temos contas a pagar”, acrescentou. “Estão enrolando. Temos que fazer greve para pressionar”, falou outro médico da mesma UPA.

No CHM (Centro Hospitalar Municipal), o sentimento também é de descontentamento. “Está um clima bem chato, a insatisfação é grande”, comentou um funcionário.
O Diário solicitou posicionamento do SindmedGABC, mas não obteve retorno.

Propostas serão apresentadas a prefeito

A discussão de propostas relacionadas ao atraso no pagamento de salários e do 13º vai pautar, hoje, reunião que ocorrerá entre o prefeito de Santo André, Carlos Grana (PT), a FUABC (Fundação do ABC) e o SindmedGABC (Sindicato dos Médicos do Grande ABC). O agendamento foi a definição tirada de encontro que aconteceu ontem, na sede da FUABC com a presidente Cida Damaia, ex-secretária adjunta de Saúde do governo andreense; o secretário municipal de Saúde, Homero Nepomuceno Duarte; e representantes da entidade sindical.

“Todas as alternativas estão sendo estudadas e serão discutidas da melhor maneira possível, dentro das possibilidades que temos”, falou Duarte.

Em nota, a FUABC disse que a instituição e a Prefeitura de Santo André “não estão medindo esforços para solucionar a situação dos médicos e confiam no avanço das negociações na reunião de amanhã (hoje)”.

Outro sindicato, o SindSaúde ABC (Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos Privados de Saúde no Grande ABC), que defende técnicos e auxiliares de enfermagem, além de trabalhadores da Saúde em setores como recepção, serviços gerais e manutenção, realizou ontem assembleia para debater o problema. Na ocasião, ficou decidido que os funcionários da FUABC mantenham a paralisação das atividades até que todos os direitos sejam pagos. Desde sexta-feira, o atendimento tem sido parcial. A orientação é que sejam mantidos apenas os serviços de urgência e emergência. 




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