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PS de Diadema ‘escolhe’ paciente
Javier Contreras
Do Diário do Grande ABC
02/09/2001 | 20:37
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O Pronto-Socorro Central de Diadema restringe atendimentos a pacientes moradores da cidade. Os que moram em outros municípios estão sendo encaminhados para unidades próximas de suas casas. As placas de restrição estão pregadas em duas paredes do PS.

“Esta unidade é uma conquista da população de Diadema. Você que mora em outro município, lute e conquiste também unidades como essa para atendê-lo. Só será atendido outro município nesta unidade em caso de emergência”, diz uma delas. A inscrição é assinada pela Prefeitura Municipal de Diadema e fica logo na entrada.

No interior do PS Central, outra inscrição em frente aos guichês de recepção. “Esta unidade destina-se ao atendimento da população residente em Diadema. As demais pessoas serão encaminhadas para unidades próximas à residência”. Dessa vez, a inscrição é assinada pela Secretaria da Saúde de Diadema. Duas filas são formadas no local. Uma destinada a “munícipes adultos de Diadema” e outra a “munícipes crianças de Diadema”.

O jurista Tito Costa disse que não existe lei que proíba as administrações municipais a agirem da forma como Diadema age, mas ressaltou que, no mínimo, a atitude pode ser enquadrada como omissão de socorro. “É claro que cada município enfrenta seus problemas com saúde pública, tem seus gastos, demandas e interesses da população local. No entanto, todas as pessoas são iguais perante a lei e não pode haver distinção. O atendimento emergencial também é relativo, pois existem muitos casos de pessoas que sentem dores internas e visualmente isso não transparece”, explicou.

O secretário municipal da Saúde, Rodolpho Repullo, foi procurado domingo o dia todo pela reportagem do Diário, mas não foi localizado para comentar o assunto. No PS, os funcionários de plantão disseram que não havia ninguém do administrativo para falar sobre o assunto.

Polêmica – A estudante Kelly Santos, 23, é moradora de São Bernardo e já enfrentou problemas no atendimento. “Uma vez torci o pé aqui perto do PS, não me atenderam e disseram para eu procurar um PS em São Bernardo. Hoje (domingo), dei o endereço de uma tia em Diadema e não tive problemas”, disse Kelly. O tempo que esperava por atendimento no PS, viu um motoqueiro machucado ter de procurar socorro em outro local. “Ele chegou com o braço todo machucado e inchado. Quando souberam que morava um pouco depois da divisa, em São Paulo, disseram para procurar um PS na capital. O rapaz foi embora revoltado.”

Moradores de Diadema também não concordam com a situação. “Prioridade de emergência sim, mas não omissão de socorro porque isso aqui é um pronto-atendimento. Se uma pessoa que mora longe se machuca aqui, mesmo que de leve, também tem o direito de se tratar porque isso é um serviço público”, disse a dona de casa Maria Fernanda Silva.




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