Um ano de luta, quase trágico, com a fuga do rebaixamento no Campeonato Brasileiro. Mas o medo passou. Agora, o Palmeiras pode sofrer uma enorme transformação fora de campo, que deve respingar pelos corredores da Academia de Futebol. Pressionado e temendo a derrota nas eleições de janeiro, o presidente Affonso Della Monica atendeu a um pedido do grupo comandado pelo ex-oposicionista Seraphim Del Grande: Salvador Hugo Palaia não é mais o diretor de Futebol do Palmeiras. Ele pediu licença do cargo para tratar de assuntos médicos.

O advogado Gilberto Cipullo, indicado por Seraphim Del Grande, será o substituto de Palaia até a eleição de 15 de janeiro. Com isso, a permanência do técnico Jair Picerni passa a correr risco. Del Grande e Cipullo não escondem de ninguém que preferem outro treinador para assumir o Palmeiras no lugar de Picerni. Caio Júnior, do Paraná, já foi procurado e ficou de responder até sábado a oferta feita pelos novos mandatários do futebol palmeirense.

José Carlos de Miranda, presidente do Paraná, admite que Caio Júnior está balançado com a oferta palmeirense, mas não desiste de renovar contrato com o treinador. Ele tenta persuadir Caio Júnior, contando sobre o turbilhão político que vive o Palmeiras. “Não consigo entender porque querem mudar de treinador a poucos dias da eleição”, disse o dirigente paranaense.

O jogo político tem atrapalhado o planejamento do Palmeiras para 2007. Jair Picerni, que conta com o apoio de Della Monica e do vice José Cyrillo Júnior, elaborou um relatório com os jogadores que seriam aproveitados e dispensados.

O técnico, porém, não consegue ser atendido pela diretoria, que já adiou por duas vezes uma reunião com ele. Assim, Picerni segue esperando, em sua chácara no interior de São Paulo, um contato da diretoria para, pelo menos, ter a certeza de que ficará no clube. Ele tem contrato de mais um ano.

Cobrança – Na tarde de quinta-feira, Della Monica foi à sede da Federação Paulista de Futebol conversar com o presidente da entidade, Marco Polo Del Nero, que é conselheiro do Palmeiras e teria manifestado apoio à candidatura de Roberto Frizzo, da oposição.

Della Monica foi cobrar imparcialidade de Del Nero, que lhe garantiu: não apoiará nenhuma chapa de forma oficial na eleição palmeirense de janeiro. Sem a “presença física” de Del Nero, o grupo oposicionista ficou de se reunir para traçar os rumos da candidatura de Roberto Frizzo. O ex-presidente do Palmeiras, Mustafá Contursi, quer que o candidato atenda seu pedido e separe o departamento de futebol do restante.