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Ritmo de abertura de vagas cai 37%
Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
17/08/2011 | 07:00
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As medidas do governo para frear a inflação e conter o consumo ajudaram a reduzir em 37,7% o ritmo de geração de vagas com carteira assinada no Grande ABC de janeiro a julho, na comparação com mesmo período de 2010. Neste ano, até agora, foram criados 18.060 postos de trabalho, bem menos que os 28.973 registrados no acumulado dos sete meses iniciais do ano passado.

Os dados, do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, do Ministério do Trabalho e Emprego, mostram que a desaceleração nas contratações também ocorreu em julho, quando foram geradas 2.169 vagas formais, 53% menos que as 4.626 do mesmo mês de 2010.

Vários fatores contribuem para o ritmo mais lento das admissões, entre os quais o impacto de elevações dos juros e outras iniciativas do Banco Central para conter a alta da inflação, segundo especialistas. "Quando o governo sinaliza que pretende frear a economia, o mercado de trabalho responde a isso", cita o professor Ricardo Balistiero, que é coordenador do curso de Economia da Fundação Santo André.

A base de comparação também não ajuda, explica o economista Dalmir Ribeiro, diretor do departamento de Indicadores Sociais e Econômicos da Prefeitura de Santo André. "O ano de 2010 foi recorde na geração de empregos", afirma. Além disso, havia no início do ano passado estímulos fiscais (tributos reduzidos) que colaboraram para que a indústria se recuperasse do forte baque causado pela crise de crédito global, que provocou demissões nas empresas ao longo de 2009, cita Balistiero.

Praticamente todas as cidades da região tiveram diminuição no saldo de vagas abertas neste ano. Em Santo André, houve queda de 20%, em São Bernardo, a retração foi de 34% e, em São Caetano, de 31%. A situação é mais crítica em Ribeirão Pires, em que o saldo é negativo: ou seja, houve o fechamento de 500 potos de trabalho neste ano.

Ribeiro afirma que, além das medidas do governo para resfriar a economia, o cenário poderia ser melhor se o real não estivesse tão valorizado, facilitando a enxurrada de produtos importados no mercado nacional. "Se o câmbio não tivesse desse jeito, poderia haver geração maior de empregos", assinala.

O saldo de empregos criados com carteira assinada em julho no País somou 140.563, segundo o Caged. Em julho de 2010, foram 181.796 novas vagas. Assim, o volume de criação de postos ficou 22,6% menor em julho ante o mesmo mês de 2010. O recorde para o mês foi de criação de 203.218 postos formais, registrado em julho de 2008.

Apesar disso, o ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, manteve ontem a projeção de que o Brasil criará 3 milhões de empregos formais neste ano. A projeção do ministro abrange os trabalhadores com carteira assinada e os servidores públicos das três esferas do governo. No acumulado do ano até o mês passado, o volume de geração de postos de trabalho com carteira foi de 1.593.527. (com AE)

 

Construção civil contabilizou 900 postos a menos em junho

 

Enquanto outras regiões do Estado contabilizaram abertura de vagas na construção civil, os sete municípios registraram o fechamento de 900 postos de trabalho nessa atividade em junho, de acordo com levantamento divulgado ontem pelo Sindicato da Construção Civil no Estado de São Paulo.

A diretora adjunta da regional do SindusCon-SP no Grande ABC, Rosana Carnevalli, ressalta que as variações de um mês para o outro não são o melhor parâmetro para analisar o ritmo do emprego. Isso porque quando uma obra acaba, às vezes, pode demorar para outra ter início, por questões burocráticas, por exemplo. "Mas ainda estamos com 1.835 vagas a mais no período de 12 meses, continuamos crescendo", observa.

A dirigente afirma que não há motivos para preocupação, já que há nas prefeituras muitos projetos tramitrando e, para os próximos anos, estão previstas obras de infraestrutura, como o metrô de superfície e a ampliação da avenida Jacu Pêssego. "Talvez não tenhamos o boom que ocorreu de abril a julho de 2010, mas não deveremos ter recessão", avalia Rosana.




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