Economia Titulo Seu bolso
Reflexo da Selic é pequeno para consumidor

Mesmo com queda nos juros, empréstimos e
financiamentos continuam com taxa elevada

Erica Martin
Pedro Souza
10/03/2012 | 07:30
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A taxa básica de juros, Selic, caiu pela quinta vez consecutiva e chegou a 9,75% ao ano. Cinco dos sete diretores do Banco Central responsáveis pela ferramenta de política monetária decidiram pela redução de 0,75 ponto percentual. Apesar disso, os juros de empréstimos e financiamentos continuam altos.

O BC altera a Selic para acelerar ou frear a atividade econômica nacional. Quando ela cai, os juros para os consumidores e para as empresas tendem ficar menores também, o que faz a economia do País aquecer. O processo estimula o consumo das famílias e a captação de dinheiro das empresas, que aumentam a produção. "E a tendência é que tenha impulso no emprego", afirmou o professor de Economia Sandro Maskio, da Universidade Metodista de São Paulo e da Universidade Municipal de São Caetano, ao dizer que a tendência é de aumento no número de empregos.

No entanto, segundo estudo da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), o impacto nos financiamentos contratados pelos consumidores será pequeno em relação aos valores das operações.

A redução da Selic de 10,5% ao ano para 9,75% resultará, por exemplo, em economia de apenas R$ 6,88 em financiamento de uma geladeira em 12 parcelas. Portanto, o custo final ao consumidor cai de R$ 2.036,59 para R$ 2.029,71.

PREÇOS - Mesmo pequeno, o decréscimo na Selic resultaria em aceleração da inflação, já que o consumo tende a aumentar com crédito mais barato. Mas na avaliação do coordenador do IPC-Fipe (Índice de Preços ao Consumidor - Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), Rafael Costa Lima, isso não deve acontecer por causa da crise econômica internacional.

Europa passa por momentos difíceis e Estados Unidos se recuperam vagarosamente do buraco, o que resulta em menor demanda das empresas dessas regiões. O resultado disso, segundo o especialista, é desaceleração na atividade econômica brasileira, o que reflete em estabilidade ou recuo na inflação.

Mas a professora de Administração da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing) Cristina Helena Pinto de Mello acredita que a inflação deve voltar a subir no segundo semestre. Com a queda da Selic, investir no Brasil não será mais tão atrativo (afinal, os juros que o País paga aos seus credores estão menores), o que poderá reduzir a entrada de dólares. Consequentemente, com menos oferta, o preço da moeda norte-americana tende a subir. "Com isso a matéria-prima importada pelo Brasil fica mais cara, o que faz aumentar os preços dos produtos aqui e a inflação se eleva", disse Cristina. O cenário interno deve registrar mais mudanças até o fim do ano. De acordo com o professor de Economia Roberto Troster, a taxa deve chegar a 9% até o fim de 2012.

Redução tem baixo impacto no câmbio

O real não sofrerá tanto com a queda da Selic. De acordo com o professor de Finanças Mário Amigo, que ministra aulas na Fipecafi, Fipe, FIA e Saint Paul Escola de Negócios, as influências para a valorização, ou desvalorização do câmbio dependem muito mais do comércio exterior, da liquidez do dólar no mercado internacional e das manobras do BC (Banco Central) para segurar a valorização de real, como o enxugamento de dólares no mercado interno.

A moeda valorizada é prejudicial para as empresas exportadoras. Seus produtos ganham valor no mercado internacional e a liquidez diminui. Por outro lado, os itens importados pesam menos no bolso dos brasileiros. (Pedro Souza)

Investidor deve avaliar rentabilidade atual de suas aplicações

Os investimentos atrelados à taxa básica de juros também são afetados com a redução da Selic. De acordo com a professora de Administração da ESPM Cristina Helena, quem tem aplicações que remuneram de acordo com a Selic, como os fundos de renda fixa, deve analisar a rentabilidade atual do investimento e comparar com os ganhos da poupança e com os papéis da dívida pública indexados à inflação - que deve voltar a subir no segundo semestre - e não aos juros. "A poupança, em situação como essa, é mais atraente, o ganho é de 0,5% ao mês, mais a remuneração da taxa referencial", explicou. Cristina lembrou também que não há cobrança de Imposto de Renda e taxa de administração para ter o dinheiro alocado na caderneta.

TESOURO DIRETO - Quem compra os títulos do governo paga taxa de gestão, mas o custo é bem menor se comparado aos fundos de renda fixa. Há corretoras que nem chegam a cobrar, enquanto nos fundos o custo pode chegar a 4% . (Erica Martin)




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