Economia Titulo Recuperação de crédito
Operadores da Consulcred, de São Caetano, estão em greve
Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
20/10/2016 | 07:03
Compartilhar notícia


Os cerca de 380 trabalhadores da Consulcred, empresa recuperadora de crédito de São Caetano, situada à Rua Antônio Bento, estão com os braços cruzados desde terça-feira. O motivo principal da ação é o protesto contra o atraso no pagamento do ‘vale’ do salário, que deveria ter sido depositado no dia 15.

De acordo com o presidente do Seaac (Sindicato dos Empregados de Agentes Autônomos do Comércio) do Grande ABC, Vagney Borges de Castro, outros problemas relatados pelos profissionais são o não-pagamento de plano de saúde (de metade do valor), vale-transporte, vale-refeição e PLR (Participação nos Lucros e Resultados), a falta de papel higiênico e copo descartável na empresa, férias vencidas e não concedidas aos empregados e o não pagamento de verbas rescisórias aos demitidos. Entre julho e agosto, a empresa, que presta serviço a clientes como Bradesco, Renner e Jequiti, foi adquirida pelo Grupo Colleman, e reduziu o quadro de 450 empregados aos atuais 380.

Castro conta que o grupo é tradicional na compra de empresas com dificuldades financeiras. Tanto que outra recuperadora de crédito são-caetanense, a MBM, situada à Rua Roberto Simonsen, também foi adquirida pelo Colleman, e dos cerca de 400 operadores de telemarketing, 40 foram incorporados à Consulcred e, o restante, foi transferido para unidade na Av. Ricardo Jafet, no Ipiranga, na Capital, há pouco mais de um mês. Inclusive, até o fim de novembro, é possível que toda a operação seja realocada no novo endereço. O sindicalista, porém, diz que não foi informado oficialmente sobre isso.

“O problema é que, com a aquisição, eles querem impor regras que fogem ao combinado no ato da contratação dos profissionais da Consulcred”, diz Castro. “O que nos deixa intrigado é que, quando a firma foi comprada, ela já não estava em boas condições. Então, seria preciso injetar recursos nela. E não retirar direitos dos trabalhadores.”

RÉPLICA - A advogada da Consulcred, Samara Nascimento Pereira, rebate alguns pontos cobrados pelo sindicato, como o adiantamento do salário. “A empresa entende que é melhor pagar no dia 20 (hoje), então não teve atraso, mas uma mudança na data”, afirma ela. “Quanto ao plano de saúde, a companhia não está obrigada a pagar esse benefício, pois não está previsto na convenção coletiva da categoria.”

Em relação às férias atrasadas, a advogada diz que a firma possui esse direito, e que as verbas rescisórias dos “poucos” demitidos estão sendo pagas.

Samara avalia também que o movimento grevista foi fracassado, e que 70% dos operadores estavam trabalhando ontem. “Alguns deles disseram se sentir humilhados porque foram chamados de traidores por não aderirem à causa.”

Castro alega que a empresa ligou para os empregados com menos tempo de casa, incluindo estagiários, e os “ameaçou” e “obrigou” a trabalhar em regime de força tarefa para burlar a greve. “Os operadores ficaram das 9h às 20h20, e sem fazer horário de almoço. Tiveram de comer pão nas baias. Lembrando que eles só podem trabalhar por seis horas”, diz. “Procurei a gerência regional do Ministério do Trabalho para que sejam tomadas as providências devidas, já que os sindicatos não têm o poder de polícia para adentrar na empresa e autuá-la.”




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;