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Bancos criam 9.048 postos de trabalho no 1º semestre
Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
19/08/2010 | 07:08
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O setor bancário gerou saldo de 9.048 vagas em todo o País no primeiro semestre, salto em comparação ao número de postos de trabalho abertos no mesmo período em 2009, quando o saldo ficou negativo em 2.224 empregos.

Os dados são apontados pela Pesquisa de Emprego Bancário realizada pela Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro da Central Única dos Trabalhadores) e pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), que leva em conta o trabalho com registro em carteira.

O crescimento expressivo se deu tanto por conta da base de comparação depreciada, já que nos primeiros seis meses do ano passado o País ainda vivia os reflexos da crise financeira internacional, como pela alta rotatividade promovida nas instituições bancárias.

"Os bancos alegam como desculpa a baixa produtividade de seus funcionários mais antigos e os demitem para contratar outros com salários em média 38% menores", aponta Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT. "Isso vai contra o discurso de que demitir é caro. Somente neste ano mais de 18 mil foram desligados."

Segundo Cordeiro, na América Latina e Europa não existe rotatividade por conta da Convenção 158 da OIT (Organização Internacional do Trabalho), que protege o emprego do setor. Essa é, inclusive, uma das reivindicações dos bancários na campanha trabalhista deste ano.

"Os bancos enxergam a folha de pagamento como custo e não como investimento. Tanto é que ano a ano os gastos com a folha estão menores nos balanços anuais", diz o presidente da Contraf-CUT. "Isso é inadmissível se considerarmos que os bancos continuam aumentando sem parar a sua lucratividade e que apenas os cinco maiores apresentaram lucro líquido de R$ 21,3 bilhões no primeiro semestre deste ano."

Mesmo com aumento no número de postos de trabalho no setor, as 9.048 vagas criadas no semestre equivalem a 0,61% do total de 1,47 milhão de empregos gerados em toda a economia brasileira no período.

Na comparação por sexo, do total de oportunidades, 4.895 foram ocupadas por mulheres e 4.152 por homens. Percentualmente, os homens representaram 50,02% das admissões e 52,07% dos desligamentos, enquanto a participação feminina correspondeu, respectivamente, a 49,98% das contratações e 47,93% das demissões.

SALÁRIOS
Em geral, os salários de contratação neste ano estão 38% inferiores aos de 2009, passando em média de R$ 3.531,15 para 2.187,76. Para piorar a situação, os ganhos das mulheres são inferiores aos dos homens, tanto nas admissões como nos desligamentos.

As trabalhadoras demitidas saíram do banco com rendimento médio de R$ 2.923,82, valor 28,52% inferior ao auferido pelos homens, de R$ 4.090,26. Já a mão de obra feminina admitida entra no banco recebendo remuneração média de R$ 1.800,98, enquanto os admitidos do sexo masculino ganham o equivalente a R$ 2.574,23, correspondendo a diferença de 30,04%.

"Isso é uma violência. E geralmente acontece porque não existem mulheres nos altos cargos de chefia. No máximo elas chegam a gerentes", diz Cordeiro.




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