Para o coordenador do Curso de Economia da Imes (Universidade Municipal de São Caetano), Francisco Funcia, o momento econômico que o Brasil atravessa é oportuno para os debates sobre a redução da jornada. De acordo com o especialista, o crescimento sustentável do País leva à discussão sobre a divisão dos ganhos de produtividade de diversos setores da economia, o que poderia ser feito mediante mudança na carga horária de trabalho.

No entanto, Funcia acredita que é preciso cautela nesse debate. "Não parece que é prudente uma medida implantar essa mudança de uma hora para outra. O cenário econômico não é homogêneo para todos os setores, pois alguns podem não absorver essa redução", pondera.

A justificativa para a prudência sobre o assunto está na alteração da jornada de 48 para 44 horas, que ocorreu em 1988. Segundo o economista, alguns setores enfrentaram bem a crise e outros saíram desse período de mudança no prejuízo.

O acadêmico acredita que é preciso aprofundar o tema em debates entre o setor patronal e as entidades sindicais, mediados pelo Ministério do Trabalho, para que se obtenha consenso. "Tem de ser levado em conta diversos aspectos para que seja feito de forma escalonada, com prazo determinado, para que a mudança possa ser incorporada por cada setor", explica.

O ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, tem a mesma opinião. Na comemoração do Dia do Trabalhador, Lupi revelou sua preocupação com a redução da jornada, pois teme que ela possa gerar diminuição do emprego ou do salário. Lupi defendeu que a negociação seja feita entre os sindicatos dentro de seus setores.