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Falar ou calar?
Raphael Rocha
06/10/2016 | 07:00
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Os jogadores de basquete (NBA) e de futebol americano (NFL) dos Estados Unidos têm usado as redes sociais e os microfones das principais redes de televisão do país para expressar indignação diante da violência policial dirigida à população negra. O movimento começou com Colin Kaepernick, do San Francisco 49ers, há cerca de um mês, quando ele ficou ajoelhado durante o hino nacional. “Não vou me levantar e mostrar orgulho pela bandeira de um país que oprime o povo negro e as pessoas de cor”, disse o atleta na ocasião.

A partir disso, os esportistas iniciaram onda de manifestos. Seria o mesmo que os atros do futebol brasileiro como Neymar, Gabriel Jesus, Gabigol, Lucas Lima, David Luís, Robinho, Fred e Daniel Alves falassem abertamente sobre os (inúmeros) problemas sociais tupiniquins. Mas, não é o que ocorre.

E vejam com que lucidez os jogadores da Terra do Tio Sam discorrem acerca do tema. Richard Sherman, campeão da NFL em 2013 com o Seattle Seahawks, afirmou que “não é compreensível que as pessoas morram nas ruas”. “Nos trabalhos sociais realizados na minha comunidade trato de ajudar as crianças e fazer o melhor possível para que elas possam chegar alto na vida. Disse para uma criança: ‘Se a polícia te abordar, apenas levante as mãos, deixe-as bem visíveis e escute tudo o que te explicam’. Mas apesar desses concelhos, essa criança pode receber um disparo. É aí que digo para mim mesmo que vivemos em um tempo miserável”, disse Sherman.

Carmelo Anthony, jogador dos New York Knicks e um dos líderes do movimento, fez apelo aos colegas. “Temos de assumir as nossas responsabilidades e atuar. Não podemos ficar de braços cruzados, não devemos ter medo de nos meter em assuntos políticos. Não te preocupes se vais perder um acordo de patrocínio ou se as pessoas nos vejam como estúpidos. Precisamos ouvir a tua voz.”

Rajon Rondo, do Chicago Bulls, fez uma comparação interessante. “Como é que um negro desarmado cujo carro avariou-se e precisava de ajuda é baleado e assassinado pela polícia e o suspeito de colocar uma bomba em Nova York é detido e está vivo? Penso que ser negro é mais perigoso que ser terrorista.” Russell Westbrook, estrela do Oklahoma City Thunder, completou. “Parem com as desculpas. Foi a sua cor de pele que o matou.”

Draymond Green, do Golden State Warriors, salientou que “é importante falar”. “Há muitas mudanças que devem ser feitas. Não se trata apenas da matança dos negros, que é obviamente uma loucura para mim, mas também há uma série de mudanças que devem ser feitas neste país.”

Em comunicado, os jogadores afirmaram: “É nosso trabalho como atletas profissionais trazer um impacto positivo sobre as nossas comunidades, e ser pró-ativo quando a mudança é necessária”.

São atletas profissionais. Ricos. Bem-sucedidos. Mas sabem de onde saíram e onde querem chegar. Têm consciência sobre as disparidades socieconômicas e raciais que ainda inundam os Estados Unidos, de primeiro mundo, em pleno século 21. A coragem e a sensatez das declarações saltam aos olhos.

Vale lembrar que a política esportiva norte-americana exige passagem pelo Ensino Fundamental e universidade. Ou seja, jogador é jogador, mas tem Educação e profissão. E aqui no Brasil? O que diriam nossos boleiros, que em sua maioria larga a escola no Ensino Fundamental para praticar futebol e, no máximo, frequenta boas baladas enquanto usufrui de fama e dinheiro? Bom, neste caso poderia encaixar bem a frase atribuída a Maurice Switzer. “É melhor calar-se e deixar que as pessoas pensem que você é um idiota do que falar e acabar com a dúvida”. 

Cadê?
Candidato a prefeito de Santo André, Aidan Ravin (PSB) obteve 17% dos votos no primeiro turno. Chama a atenção que, na corrida por cadeira na Câmara, ninguém do rol de sua confiança foi eleito. De sua coligação, serão quatro vereadores a partir de janeiro: dois do PRB, um do PSB e um do PMN. Toninho de Jesus (PMN), que poderia ser tratado como aliado de primeira hora, já foi da base aliada do prefeito Carlos Grana (PT) e deu parecer pela rejeição das contas de Aidan de 2010, quando foi chefe do Executivo.




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