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Fontes pensa em processar o Ministério da Cultura
Do Diário do Grande ABC
21/03/2000 | 17:06
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O ator, diretor e produtor Guilherme Fontes pensa em processar o Ministério da Cultura caso se julgue prejudicado na captaçao de recursos e nos prazos para a conclusao de "Chatô - O Rei do Brasil". Quem diz é o advogado do ator, que também ameaçou entrar com uma açao judicial contra o diretor de teatro Gerald Thomas por calúnia e difamaçao.

Guilherme Fontes acredita que o ministério está aplicando contra ele uma regra de exceçao para a produçao de "Chatô'. Os prazos e limites fixados pelo MinC estao baseados numa portaria de 1998, mas Fontes diz que seu filme começou a captaçao de recursos em 1995 - e a portaria nao poderia ser aplicada retroativamente.

Já o diretor Gerald Thomas teria dito a um jornal paranaense que Fontes e a atriz e diretora Norma Benguel (de "O Guarani") sao "uma dupla de gângsteres" e "ladroes". O ator disse segunda-feira, durante o programa "Roda Viva", da TV Cultura, que nao processaria Thomas porque ele era "too boring" (muito chato) e "nao valia a pena", mas seu advogado pensa diferente.

Fontes também acusou o produtor Luiz Carlos Barreto de ter procurado, desde o princípio, "sabotar" o seu projeto de filmar o livro de Fernando Morais - ambos disputaram os direitos da obra, que acabou ficando com Fontes.

Fontes disse que existem "duas ou três dezenas" de filmes nao concluídos na Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura, mas o seu está sendo tratado com um rigor incomum por causa do "assédio da mídia". Esse assédio, segundo sugeriu o diretor, estaria sendo instrumentalizado pelo produtor Luiz Carlos Barreto, o Barretao.

O ator informou, durante o "Roda Viva", que precisa filmar mais 15 minutos e captar mais R$ 1,9 milhao para concluir "Chatô". Também afirmou que é o maior investidor privado da produçao (teria investido R$ 3 milhoes dos R$ 6,9 milhoes do custo total). "Com mais 18, 19 semanas de filmagem eu entrego o filme pronto", disse. Ele pretende que a estréia seja em 21 de novembro, caso nao haja uma intervençao do MinC ou da Comissao de Valores Mobiliários (CVM) da Bolsa de Valores, que negociou certificados de audiovisual da produçao.

Pela primeira vez, Fontes admitiu a possibilidade da intervençao na produçao do filme. "Outra produtora nao é um bicho de sete cabeças para mim, eu preciso dessa intervençao", afirmou. "Se isso significar recursos, idoneidade e competência, será muito bem-vinda", disse o diretor.

Interpelado por um espectador se nao estaria se tornando um personagem próximo do próprio Assis Chateaubriand - que tinha fama de utilizar métodos pouco ortodoxos para conseguir seus intentos -, Fontes rechaçou a comparaçao. "Eu nao sou esse personagem; a imprensa me botou nesse personagem", afirmou.

Ele concordou com a tese de outro espectador, que dizia que Chateaubriand foi uma espécie de Cidadao Kane à brasileira. "William Randolph Hearst teria ficado com ciúmes de tanta desenvoltura social", afirmou Fontes.

O ator também apresentou duas certidoes da Comissao de Valores Mobiliários (CVM) nas quais dois funcionários da instituiçao atestam que ele tem condiçoes de continuar a captaçao de recursos e que nada consta no cadastro de "indiciados e punidos" contra sua empresa, a Guilherme Fontes Filmes.

Fontes também se mostrou contrário à tese segundo a qual seu filme tem orçamento muito elevado para um estreante e transferiu a responsabilidade para o Ministério da Cultura. "O ministério tem poder para vetar um item do orçamento, se achar que está acima do razoável", ponderou.

Recentemente, o MinC retirou da empresa de Fontes a produçao do filme "Bellini e a Esfinge", um dos seus projetos. O diretor admitiu que isso foi feito à sua revelia. "Nao era uma coisa que eu queria, nao", disse. A produçao foi transferida a uma empresa do irmao do ator, Teodoro Fontes.




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