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Bolsonaro e Genoíno provocam tumulto na Câmara
Do Diário do Grande ABC
27/01/2000 | 17:44
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O deputado e capitao da reserva do Exército Jair Bolsonaro (PPB-RJ) chamou nesta quinta-feira o deputado e ex-guerrilheiro José Genoíno (PT-SP) de "delator e mentiroso", o ministro da Justiça, José Carlos Dias, de "defensor de quadrilheiros", e o presidente Fernando Henrique Cardoso, de "ateu".

Bolsonaro está ameaçado de ter o mandato suspenso por 30 dias, por ter defendido publicamente o fuzilamento de Fernando Henrique

Bolsonaro pediu a palavra para comentar a entrevista de Genoíno a uma rede de televisao, quando o ex-guerrilheiro falou da atuaçao em Araguaia, durante o regime militar. "Ele (Genoíno) foi o responsável pelo fim da guerrilha do Araguaia, delatando todos os seus companheiros", acusou Bolsonaro. Ele atacou também o fato de Genoíno se declarar ateu, estendendo as críticas a Fernando Henrique. "Nós já temos um presidente ateu, e está aí a desgraça implantada no Brasil; será que Sao Paulo vai querer um governador ateu?", disse o deputado, referindo-se a uma das aspiraçoes políticas do líder do PT.

Genoíno participava da cerimônia de escolha do novo líder do partido na Câmara, Aloízio Mercadante (SP), quando foi avisado do que ocorria em plenário. "Dirigi-me para lá, e o mais incrível é que me deparei com Bolsonaro saindo do plenário, sorrindo e me cumprimentando, como se nao houvesse feito o que fez", contou Genoíno, que pediu a palavra e exigiu a permanência do colega. "Condenei os ataques pessoais, que ferem o decoro parlamentar", disse o líder petista.

Genoíno nao vai pedir a cassaçao do colega, mas prometeu "o ignorar daqui por diante". As declaraçoes de Bolsonaro chegaram ao Palácio do Planalto e foram alvo de reaçao do ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Aloysio Nunes Ferreira. "Convivi com ele e sei o quanto Genoíno é sério", afirmou.

No dia 16, no início da sessao legislativa ordinária, a Mesa Diretora da Câmara vai reunir-se para reafirmar a decisao de submeter à votaçao em plenário o pedido de suspensao de Bolsonaro. A puniçao havia sido aprovada pela Mesa em junho, mas a suspensao nao foi aplicada porque o assunto nao foi encaminhado para votaçao pelos deputados.

As declaraçoes do capitaçao da reserva têm sido alvo de reclamaçoes desde 1993, quando o deputado teria defendido, em Santa Maria (RS), um regime semelhante ao período militar pós-64, com o fechamento temporário do Congresso.




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