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Filho de condenado no escândalo Sanasa (Campinas) é alvo da 35ª fase da Lava Jato
26/09/2016 | 14:34
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Filho de Aurélio Cance, condenado no escândalo Sanansa (empresa de água da prefeitura de Campinas, em São Paulo), Thiago Cance foi um dos alvos de condução coercitiva nesta segunda-feira, 26, na 35ª fase da Operação Lava Jato - batizada de Omertà.

O nome do investigado apareceu na análise dos documentos recuperados no computador da delatora Maria Lucia Tavares, do departamento Operações Estruturadas da Odebrecht - o "departamento da propina" - referente a entregas de recursos ilícitos em espécie.

Dois nomes que aparecem são de "Rovério Pasotto e Thiago Cance". O primeiro é gerente da Sanasa, em Campinas, e Thiago filho de Aurélio Cance, condenado no escândalo que derrubou o ex-prefeito de Campinas Hélio de Oliveira Santos, o Dr Hélio (PDT). Em 27 de julho de 2010, ele se hospedou em um hotel que constava como endereço de entrega de valores da Odebrecht. "A pessoa de Rovério Pagotto Júnior é Gerente de Planejamento e Projetos da Sanasa, instituição envolvida em investigações de corrupção em relação a contratos firmados durante a gestão do ex-prefeito de Campinas Hélio de Oliveira Santos", registrou o delegado da Polícia Federal Filipe Hille Pace, da equipe da Lava Jato.

"No mesmo contexto, identificou-se, ainda, que Thiago Cance (também referido como um dos destinatários de recursos ilícitos entregues pelo setor de operações estruturadas da Odebrecht), é filho de Aurélio Cance Junior, pessoa também envolvida em esquema de corrupção envolvendo a Sanasa."

"Especificamente em relação a Thiago Cance, verificou a autoridade policial que no endereço da entrega destinada a Thiago Cance, foi confirmada a existência de três hospedagens do investigado no ano de 2010, sendo que, em duas das três vezes, Thiago Cance deixou o hotel na mesma data de sua entrada, circunstância essa que reforça a convicção de que, de fato, a sua estadia no hotel tenha sido concretizada unicamente para receber os recursos ilícitos a ele destinados", informa o delegado.

A Lava Jato afirma que "em outros casos de corrupção e lavagem de ativos, a realização de encontros e reuniões em hotéis é prática comum entre os envolvidos, utilizando o local como forma de inviabilizar a descoberta das tratativas e da entrega de recursos em espécie".

Capivari

Os investigadores da Lava Jato afirmam que é possível fazer a vinculação dos supostos recursos ilícitos com obra realizada pelo Grupo Odebrecht para a Sanasa. "Verificou-se que, no ano de 2010, consórcio liderado pela Odebrecht foi contratado pela Sanasa para execução do Programa de Saneamento Capivari II.", dizem.

"Analisadas em conjunto as entregas de recursos destinadas a Rovério Pagotto Junior e Thiago Nunes Cance e constatado que ambos os investigados possuem relação com a Sanasa e que a Odebrecht, naquele ano, obteve contrato para execução de obra relativa à Sanasa, é bastante provável que os recursos espúrios tenham relação com o contrato obtido pela Odebrecht",

assinalam.

Dr. Hélio foi cassado após denúncias de um esquema de corrupção na Sanasa, autarquia que cuida dos serviços de água e esgoto no município. Segundo promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público Estadual (MPE), lobistas pagavam propinas a políticos e funcionários públicos vencer licitações.

Neste caso, havia a combinação de preços entre concorrentes para superfaturamento dos valores. Depois, dividia-se os lucros entre as empresas e membros do governo municipal. Para o MPE, o esquema teria causado prejuízos de R$ 615 milhões aos cofres públicos.




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