O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC realiza amanhã, às 18h, em sua sede, a primeira assembleia referente à campanha salarial deste ano. A intenção é iniciar processo de mobilização da categoria para pressionar o setor empresarial a oferecer aumento salarial. A base da entidade são 93 mil trabalhadores.

"Se (os representantes das empresas) não apresentarem nada aceitável até sexta (amanhã), vamos começar a mobilização", afirmou o presidente da entidade dos trabalhadores, Sérgio Nobre. Ele argumentou que faz 30 dias foi apresentada a pauta de reivindicações e até agora não houve contraproposta do empresariado. O Diário contatou o Sinfavea (Sindicato Nacional das Fabricantes de Veículos Automotores), que informou que não comenta o andamento das negociações.

Entre os pleitos dos metalúrgicos estão a reposição da inflação (4,7% de índice) mais aumento real - o percentual pedido, Nobre não revela qual é. A entidade reivindica ainda, entre outros pontos, a inclusão de cláusula que possibilite a liberação do trabalhador uma vez por ano para que ele vá ao sindicato para conhecer seus direitos, a convenção coletiva e o processo de negociação.

Nobre reconhece que a campanha deste ano ocorre em um momento diferente do das anteriores. "O setor mais afetado pela crise foi o automobilístico, mas parece que estamos reagindo bem", assinala.

De janeiro a julho, as vendas de veículos (automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus) mostram crescimento de 5,44% frente ao mesmo período de 2008. No entanto, as duas últimas categorias ainda tiveram queda de 22,83%.

O dirigente destaca que seria importante, "até simbolicamente", que o setor conseguisse um bom acordo, para motivar outros segmentos.

Além de buscar o aumento, a entidade quer discutir com a indústria a redução da rotatividade da mão de obra. De acordo com dados da subseção do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) no sindicato, de outubro de 2008 a junho deste ano, 16% dos trabalhadores das indústrias de autopeças foram trocados. Em 2008, esse percentual era ainda maior (22%).

O estudo aponta que, nessa área, nos últimos dez anos, mesmo com a conquista de aumento real de 23,2%, o salário médio caiu 1,5%, o que refletiria o alto índice de substituição de profissionais.

MANTEGA - O sindicato promove no dia 18 evento para homenagear o ministro Guido Mantega com o prêmio João Ferrador (símbolo da entidade). A intenção é que ele receba a premiação por medidas de apoio ao setor (como a redução de tributos) e faça uma palestra sobre a crise.