A notícia de que a Expresso Guarará, uma das empresas que operam o sistema público de transporte de passageiros por ônibus em Santo André, deixará de prestar serviço em 30 de setembro, supostamente devido a problemas financeiros, pegou de surpresa os 50 mil usuários diários de suas linhas. Há temor de que a qualidade do serviço enfrente graves consequências com a medida, definida sem nenhum aviso prévio e a dois dias da eleição que definirá os próximos prefeito e vereadores andreenses. A administração municipal precisa apresentar à sociedade, com agilidade e transparência, plano alternativo para que a população não sofra.

Espanta no episódio a irresponsabilidade da companhia, que resolve abandonar as linhas que administra há 16 anos sem antes participar a decisão aos demais protagonistas da história, ou seja, à Prefeitura de Santo André, que é gestora do sistema, e às outras empresas que atuam na cidade, já que elas serão essenciais para a manutenção do equilíbrio do serviço.

Como a lição de casa parece não ter sido executada a contento, como recomendam os manuais de boa gestão, existem inúmeras perguntas à espera de respostas. Se os ônibus da Guarará permanecerem estacionados na garagem a partir de 1º de outubro, quem transportará os passageiros das 15 linhas da região da Vila Luzita? Como a administração pretende substituir a companhia? Não havia nenhuma cláusula que impedisse a quebra abrupta de contrato? Qual a garantia de que os usuários não serão prejudicados?

Por sua estrutura complexa, que reúne milhões de usuários mensais, milhares de viagens e veículos, o transporte público exige planejamento antecipado, cautela redobrada e transparência absoluta a cada passo dado. Ou seja, tudo o que está faltando no episódio que envolve a Guarará, empresa que vem enfrentando dificuldades financeiras e administrativas nos últimos anos, o que reflete diretamente na qualidade do serviço prestado aos passageiros. A população de Santo André merece ter respostas para as dúvidas que a afligem.