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Fracassa missão da UNESCO para salvar os budas afegãos
Das Agências
04/03/2001 | 20:09
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O representante especial da UNESCO, Pierre Lafrance, fracassou em sua tentativa de persuadir os talibans a deter sua campanha de destruição das estátuas afegãs pré-islâmicas, entre elas dois budas gigantes localizados em Bamiyan (Centro), anunciou neste domingo a agência de notícias afegã AIP.

"Não vejo nenhuma possibilidade de mudar nossa decisão e deter a demolição dessas estátuas", afirmou o ministro taliban das Relações Exteriores, Wakil Ahmed Mutawakel, ao fim da sua reunião com Lafrance, informou a agência, uma entidade privada próxima dos talibans.

Mutawakel declarou à AIP ter discutido detalhadamente com Lafrance, que transmitiu a ele um recado do secretário-geral da UNESCO, o japonês Koichiro Matsuura, solicitando que o ministro suspendesse as demolições.

Horas antes da reunião, Mutawakel havia dado a entender que as discussões tinham poucas chances de prosperar, afirmando que a ordem de destruição dos budas seria executada e se tratava "de um assunto interno" afegão. "É bom que possamos explicar a ele o que fazemos e que não queremos desafiar o mundo", acrescentou o ministro.

Qudratulá Jamal, ministro da Informação e Cultura, disse nesta manhã que a demolição dos budas "continuava" e estava demorando porque as estátuas - uma delas de 55 metros, o maior buda do mundo - são "maciças".

As informações não podem ser confirmadas, uma vez que fontes independentes locais não podem ser contactadas e está proibido o acesso de jornalistas à província de Bamiyan.

"As Nações Unidas devem pedir a Rabbani que proteja os budas, porque é ele que reconhecem", disse Jamal. A Organização das Nações Unidas (ONU), que impôs fortes sanções aos talibans, não reconhece seu regime e a cadeira do Afeganistão continua ocupada por um representante do governo do presidente Burhanuddin Rabbani, derrubado pela milícia islâmica em 1996.

O Ministério grego das Relações Exteriores indicou neste domingo, por meio de um comunicado, que seu país "estuda a possibilidade" de comprar obras de arte - características do período helênico - ameaçadas de destruição pelo regime afegão. Já o embaixador grego no Paquistão, Dimistris Lundras, disse que os talibans "fazem isso para responder à imposição de sanções pela ONU e para dizer: nos impuseram sanções e não podemos fazer nosso trabalho, então destruímos o que interessa ao mundo".




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