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Filarmônica de São Bernardo corre risco de extinção
Ângela Corrêa
Do Diário do Grande ABC
03/09/2009 | 07:00
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A Orquestra Filarmônica de São Bernardo, que completa nove anos neste mês, está por um fio. Depois de não receberem os salários referentes a junho e julho, os músicos cruzaram os braços em agosto. O maestro Carlos Moreno também foi demitido do cargo de regente-titular, que ocupava há pouco mais de um ano. Mais dois golpes na já sofrida formação, que vem enfrentando total clima de indefinição desde o início do ano, com a mudança administrativa do Executivo. Em nota, o Departamento de Ações Culturais esclarece que a orquestra "não foi e nem existe intenção de que seja extinta".

Um músico que pediu para não ser identificado diz que a formação tem recebido a mesma informação. "O que nos disseram foi que devemos voltar ao trabalho em setembro. Não falaram em extinção, mas sim em interrupção". O retorno aos ensaios e concertos, porém, teve uma condição. "A Prefeitura se decidiu pela troca de maestro. Eu não estava nessa reunião, mas, a meu ver, não foi por causa de salário, foi uma questão política", acredita.

Moreno confirma o afastamento, embora não tenha sido comunicado oficialmente pela Secretaria Especial de Coordenação de Ações Voltadas à Comunidade (a Pasta de Cultura não foi criada ainda). "Fui informado pela Comissão de Músicos na semana passada. O motivo (do desligamento) não ficou claro", comenta. "Enxergo de forma institucional: tem de continuar com ou sem mim. Para a população, é bastante complicado perder a orquestra neste momento."

Procurada pela reportagem, a Comissão não quis falar sobre o caso. Na nota enviada ao Diário, a Prefeitura reforçou que a paralisação se dá por conta de reestruturação "e da formulação de um novo plano de sustentação financeira."

Regente-adjunto da Filarmônica por três anos, o maestro Daniel Havens saiu de forma semelhante a Moreno: sem muitas explicações por parte da Prefeitura. "Minha saída foi decidida por falta de dinheiro. Em maio, só queriam manter um maestro", opina Havens. "Fiquei chateado com o que está acontecendo, porque estávamos num caminho de estruturação, que agora está ameaçado", completa. O maestro foi um dos responsáveis pelo desenvolvimento dos concertos didáticos, projeto de formação de público nas escolas da cidade.

Já sob a batuta de Moreno, a formação, composta por cerca de 50 músicos, vinha desejando fortalecer o nome fora da cidade. "Já era possível comparar a Filarmônica à Sinfônica de Santo André, que foi criada há bem mais tempo. São Bernardo também era conhecida por ser um dos lugares que mais remuneravam seus músicos", lembra o ex-diretor Tarik Dib, que saiu em janeiro.




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