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Forças Especiais estão preparadas para combate
Maurício Klai
Enviado Especial ao Rio
03/11/2001 | 20:49
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O Exército Brasileiro dispõe hoje de um seleto contingente de cerca de 500 homens que compõem o 1º Batalhão de Forças Especiais, localizado em Camboatá, próximo ao bairro Deodoro, no Rio. O número exato de soldados e alguns armamentos, no entanto, nunca serão conhecidos, pois, segundo o comandante da Brigada de Infantaria Pára-Quedista, general Luis Carlos Gomes Mattos, 54 anos, nenhum país do mundo, por questões estratégicas, divulga particularidades sobre o contingente de F.E. (Forças Especiais).

Um dado é certo: enquanto você lê esta reportagem, um grupo deles está em algum canto do país em uma operação – simulada ou real. “Mantemos uma tropa sempre pronta e outra em treinamento”, afirmou Mattos. Aos que apreciam comparações, sobretudo em termos de equipamento e técnica, o coronel Ivan Cosme de Oliveira Pinheiro, do Comando Militar do Leste, responde: “Não devemos nada a ninguém”. O comandante do 1º Batalhão de Forças Especiais, coronel Claudio Barroso Magno Filho, garante que, se necessário, o Brasil está preparado para enviar tropas ao exterior.

“Forças Especiais não são o tipo de batalhão que obrigatoriamente chega vestido com os uniformes verde-oliva”, disse o general Mattos, 38 anos de carreira e também F.E.. “Eles geralmente são deslocados bem antes de uma operação militar ter início”, explicou. São soldados para ações como a realizada pelos norte-americanos no Afeganistão, retrato de que uma guerra no século 21 é vencida não apenas por armas modernas, mas por uma complexa rede de ações de inteligência.

Um possível cenário vivido por um F.E. envolve desembarque noturno, de pára-quedas, algumas vezes em roupas civis. “Eles realizam ações de identificação de potenciais aliados e alvos e transferem essas informações para o comando da operação”, afirmou Mattos. Ele destaca que um F.E. é mestre em disfarces, com domínio de mais de um idioma e noções de diplomacia para operações dentro e fora do território nacional.

A chegada de uma tropa de Forças Especiais ocorre dentro de um período que varia de um mês a um ano ou mais antes de um ataque ser desencadeado. São homens extremamente discretos, dominam como ninguém a arte da sabotagem e do interrogatório psicológico. Devido ao tipo de treinamento a que são submetidos, são altamente resistentes a esforços físicos, pressões psicológicas, estresse e à privação de alimentos e do sono.

O 1º Batalhão de Forças Especiais do Exército responde diretamente ao presidente da República. Está subordinado ao Ministério da Defesa e ao Comando Militar do Leste. Guardadas as devidas proporções, enquanto os militares norte-americanos priorizam o Afeganistão, os nossos preocupam-se com a Amazônia. “Realizamos constantes operações nessa região”, disse Mattos, ao citar o projeto Calha Norte, que tem como principal objetivo promover a ocupação da localidade.

Cada país treina sua unidade de F.E., tornando-a especializada em seus respectivos terrenos. O Brasil dispõe de divisões de montanha (Minas Gerais), selva (Amazonas) e caatinga (Bahia), só para citar alguns exemplos.

Pente fino – Sonho para muitos, realidade para poucos. Assim pode ser definido o ingresso nas Forças Especiais. Todos os anos, pelos cálculos do coronel Paulo Roberto Figueira de Mello, da Brigada de Infantaria Pára-Quedista, dez mil jovens com 18 anos se apresentam voluntariamente para fazer parte do Exército. “Desse total, selecionamos mil que são treinados para a tropa de pára-quedistas e outros batalhões”, disse. Pode-se contar nos dedos os que serão Forças Especiais.

Segundo Magno, para ser um soldado das F.E. o candidato precisa ter, além da aptidão física, capacidade de operar em equipe sob condições extremamente adversas e uma vida particular equilibrada, objeto de constante acompanhamento pelo Exército. A seleção de um F.E. é longa e contínua. No caso de oficiais e sargentos o curso tem duração de 16 semanas. Para cabos e soldados é dividido em duas fases, um total de 14 semanas. Quem “sobrevive” a esses cursos, costuma dizer que conheceu “o inferno” e está apto a agir a qualquer hora, em qualquer lugar e sob qualquer condição.




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