Diarinho Titulo
Prontos para o surfe
Marcela Munhoz
Do Diário do Grande ABC
06/12/2009 | 07:07
Compartilhar notícia


As férias estão se aproximando e o mar, chamando. Chegou a hora de pegar a prancha, correr pra praia e curtir o verão. E para quem ainda não domina as ondas, é a oportunidade para aprender a surfar. Quem vive em cima delas garante que não há nada melhor.

Muito mais do que esporte, surfe é estilo de vida e uma forma de desafiar os limites diariamente, conforme diz Gabriel Siqueira, 15 anos. "Não dá para ficar sem a liberdade que as ondas trazem. É viciante." Seu colega Victor Bittencourt, 16, também cai no mar sempre que pode, tipo assim, todo final de semana. "Relaxa demais. É inexplicável a sensação de estar lá, sozinho, em contato com a natureza."

Quem surfa recomenda a atividade como forma de relaxar, principalmente antes das provas. No caso de Bruna Toledo, 15, é uma boa oportunidade para ficar perto do pai. "Sempre vamos juntos. Eu me divirto demais." Para Bruna - que já se queimou com uma água-viva -, estar na praia todo feriado é obrigação. "Se não vou, sinto falta. O problema é que estraga muito o cabelo, mas não me importo."

BEM-ACOMPANHADO - Rubens Maroti Filho, 12, também só entra na água na companhia do pai. "Por mais que eu saiba surfar e nadar, o mar é traiçoeiro. Já bati numa pedra e perdi a prancha, se ele não estivesse por perto, ia ser complicado." O pai, Rubens, 43, conta que quando era jovem rolava muito preconceito com os surfistas. "Todo mundo pensava que éramos uns desocupados, drogados. Hoje o surfe é encarado como esporte saudável."

Realmente sua prática traz muitos benefícios. Além da descarga de adrenalina a cada onda vencida, que relaxa a mente, a atividade física deixa o corpo sarado, estimula o equilíbrio e a coordenação motora, sem contar os momentos de diversão com os amigos. Ficou com vontade de aprender? Há vários cursos, principalmente no litoral. Os preços das pranchas variam de R$ 300 a R$ 1.900, mas dá para pedir para o Papai Noel.

Segundo o professor Fernando Hernandes, 28, da Almada Surf Board, de São Bernardo, não há idade para surfar, basta amar o mar e a natureza. "As pessoas procuram as aulas para se divertir, mas não é um esporte fácil. Requer disciplina, força de vontade e muita paciência. Mas a sensação de ficar em pé numa prancha pela primeira vez vale o esforço."

Grandes emoções na telona

São tantos os fãs de surfe que de tempos em tempos aparecem novos filmes e séries sobre o tema. Acaba de sair em DVD o filme Profissão Surfista, com o ator Matthew McConaughey. Ele interpreta Addington, que depois de uma temporada viajando pelo mundo, volta a Malibu para curtir o verão, os amigos e as ondas de sua cidade natal. Só aí descobre que sua grana está acabando e a única forma de se recuperar financeiramente é participar de um reality show e "se vender" à industria de videogames.

Há ainda filmes clássicos como Surf Adventures, o Filme (2002) e Surf Adventures 2 (2009), que acompanha a elite do esporte no Brasil. Também não dá para deixar de ver Brice - Um Surfista muito Louco (2006), sobre um cara que nunca surfou, Escola de Surf (2006), sobre nerds que resolvem pegar onda, e Tow In Surfing (2006), que mostra as maiores ondas do oceano. Ainda não podem ficar de fora as animações fofas Tá Dando Onda (2007), sobre pinguins sufistas, e Golfinho: A História de um Sonhador (2009), que tem o mesmo enredo.

Muito batom e parafina

Mulher é muito bem-vinda ao surfe, sim. Que o diga a paulistana Claudinha Gonçalves, 24, surfista profissional. A garota, do Guarujá, é tão fera que ganhou reality show só para ela. Acaba de estrear no Multishow Batom e Parafina. São 13 episódios sobre seu dia a dia, dividido entre as aulas de jornalismo, a carreira de modelo, as competições e o noivo, também surfista, claro!

"Amo tudo isso. É o estilo de vida que sempre sonhei. Só quem surfa sabe a sensação", conta. Claudinha se define apaixonada pelo esporte por ser muito saudável, mantê-la sempre perto da natureza e proporcionar oportunidades que ela nunca teria, como conhecer vários lugares do mundo. Entretanto, não deixa os estudos de lado. "É difícil conciliar as duas coisas, mas não vou desistir."

A surfista curte fazer o programa e garante que quem assistir vai se divertir muito e também vai ficar por dentro de como funciona a vida de um profissional. "Nada é fácil, mas recomendo que se comece o quanto antes. É um esporte barato, basta ter só uma prancha e escolher uma praia. O litoral do Brasil é maravilhoso. Claro, nunca entre na água sem alguém por perto. O mar é lindo, mas pode ser perigoso também." Batom e Parafina vai ao ar às terças, às 22h.

Fique por dentro

- Acredita-se que o surfe tenha sido criado pelo rei Tahito, na Polinésia. É conhecido como esporte dos deuses porque só os reis podiam pegar ondas em pé. Aos súditos restava praticá-lo deitado.

- Em 1778 foi descoberto pelo navegador inglês James Cook. Na década de 1950, virou mania nos Estados Unidos, principalmente na Califórnia. Entre os anos de 1970 e 1980, espalhou-se pelo mundo, dando início aos campeonatos com premiações em dinheiro.

- No Brasil, as pranchas - que no início eram de madeira - chegaram pelas mãos de turistas. A primeira brasileira foi feita pelo santista Osmar Gonçalves, em 1939. Tinha 3,60 metros e pesava 80 quilos. As de fibra de vidro chegaram em 1964, vindas da Califórnia.

- As maiores ondas são encontradas na Costa Norte da Ilha de Oahu, no Havaí, de dezembro a fevereiro. São provocadas por tempestades no Oceano Pacífico. Alcançam 20 metros.

- Um dos gestos mais conhecidos nesse esporte é o Hang loose, a mãozinha sem três dedos. Conta-se que, no Havaí, os reis mais bravos e corajosos eram escolhidos para enfrentar as maiores ondas. Um deles havia perdido os três dedos da mão numa luta e ao passar por seu povo a caminho do mar, acenou, criando o sinal que se tornaria mundialmente conhecido.

Onde aprender

Nas praias do litoral Norte e Sul de São Paulo, há aulas de surfe. Em geral, acontecem nos finais de semana e são intensificadas nas férias. Procure a mais perto de você. Anote algumas:

Almada Surf Board
Rua João de Campos, 80, Rudge Ramos, São Bernardo.
O curso custa R$ 230. Aceita alunos a partir de 5 anos.
Tel.: 4177-2000

Escola Radical
Avenida Presidente Wilson, Praia José Menino (Fonte do Surfista), Santos.
Aulas gratuitas a partir de 5 anos.
Tel.: (13) 3251-9838

Escola de Esportes Radicais
Avenida Presidente Castelo Branco, Canto do Forte, Praia Grande.
Aulas gratuitas a partir de 7 anos.
Tel.: (13) 3496-2362

Escola de Surf do Zecão
Praia de Itamambuca, Rodovia Rio-Santos (BR 101) Km 35, Ubatuba.
A partir de R$ 50 para quem tem mais de 7 anos.
Tel.: (12) 3845-1003

Peruíbe Surf School
Av. Mario Covas 2.391, Peruíbe.
A partir de R$ 40 e acima de 5 anos.
Tel.: (13) 9766-9571




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.

Mais Lidas

;