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Feirantes do Grande ABC mantêm tradição familiar

No dia dedicado ao carismático profissional, Diário traz histórias dos protagonistas das feiras livres

Yara Ferraz
Do Diário do Grande ABC
25/08/2016 | 07:00
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André Henriques/DGABC


Hoje é comemorado Dia do Feirante, profissional carismático e que faz parte do dia a dia da comunidade da região seja à frente das barracas de fruta, verduras, legumes ou dos tradicionais pastel e caldo de cana. Na maioria dos casos, a profissão, escolhida por pelo menos 1.105 trabalhadores entre as sete cidades está no sangue, passando por gerações.

Este é o caso do comandante da mais tradicional barraca de pastel da feira livre da Vila Noemia, em Diadema. Claudio Yamashiro, 58 anos, herdou o posto da mãe, Olga Yamashiro, 82, a feirante mais antiga do município, há pelo menos 50 anos no ramo. “Ela ainda vem bastante aqui, porque tem muitos amigos. Mas temos cinco barracas em locais diferentes”, disse ele, que também conta com a ajuda do filho, o engenheiro Gustavo Yamashiro, 25, para tocar o negócio. “Venho quatro vezes por semana e fico mais nas contas e na papelada”, disse o jovem. A estimativa é a de que a barraca venda 500 pastéis por dia – a unidade custa R$ 5.

Quem também cresceu em meio a caixas de madeira, toldos e toda aquela gritaria típica da feira livre foi a vendedora de churros Kelly Kondo, 40. Ela revela que o pai manteve, por anos, barraca de pastel na Capital e também em Mauá, o que a incentivou a continuar no ramo. Atualmente, ela toca, sozinha, barraca dedicada ao quitute, cujo pacote com oito pedaços é vendido a R$ 4,50, em diferentes sabores doces e salgados no bairro Santa Terezinha, em Santo André. “Estou há nove anos aqui e, desde que tive minha filha, a trago (hoje com 1 ano). Queria fazer algo diferente do tradicional pastel e resolvi apostar no churros. Essa é a única barraca da cidade que tem o produto salgado”, garante.

Para Neusa Ishii, 59, que atua há 30 anos como feirante em Diadema por causa do marido, a principal dificuldade é a rotina. Ela era cabeleireira, mas decidiu acompanhá-lo na profissão. “Acordamos antes das 4h para montar a barraca e após o almoço já vamos carregar. Pego tudo fresquinho de produtores da região e chego a passar em até 30 chácaras. Chego em casa às 22h”. Porém, ela afirma que a correria vale a pena. “Eles (clientes) gostam de tudo fresquinho. Acabam até virando nossos amigos.”

Para Luciano Antônio de Souza, 35, o trabalho na feira surgiu como necessidade. Ainda criança, aos 10 anos ele ajudava numa banca de frutas na região central de São Paulo. Anos mais tarde, ele decidiu investir no ramo e, há um ano, tem a sua própria barraca em Diadema. “Hoje, desejo que o meu filho estude e tenha um futuro melhor. Mesmo assim, tenho grande orgulho da minha profissão”, disse o feirante, que investe nos diferenciais para sua barraca de frutas, como caju, graviola e pinha. “Muita gente não gosta de trabalhar com essas frutas porque é difícil e mais caras. Mas a freguesia gosta.”

Aliás, se tem algo que os feirantes concordam é que o cliente vem em primeiro lugar. Luiz Claudio Rodrigues, 53, atua em Santo André e não tira o sorriso do rosto. “De salmão a sardinha, já sei o que cada cliente quer. O importante é tratar bem, fazer piada e desejar um bom dia. Amo o que faço”, disse bem-humorado.




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