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Kenzo no Brasil
Andréia Meneguete
Do Diário do Grande ABC
29/08/2010 | 07:26
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Engana-se quem pensa que estilistas internacionais só vêm ao Brasil para passar férias ou em busca de locação para cenários fotográficos de suas campanhas publicitárias. O designer japonês Kenzo Takada, 71 anos, demonstrou um outro interesse pelo País, durante visita às cidades de São Paulo e Brasília, a convite da Abit (Associação Brasileira de Indústria Têxtil).

De forma tímida e contida, obedecendo bem o estilo oriental de ser, o profissional apresentou estar disposto a fazer negócios com empresários brasileiros do segmento, além de colocar em vigor um intercâmbio cultural entre jovens brasileiros e japoneses.

"Esta oportunidade é uma grande honra. Conseguir realizar e passar aos novos talentos a mistura dessas culturas que carrego, incluindo também a francesa com a qual convivo há mais de 30 anos, será um imenso prazer", salientou o estilista, durante encontro com jornalistas, estudantes e empresários na sede da Abit, na última terça-feira. Para discutir a viabilidade da ação, Kenzo aproveitou para se reunir com André Hidalgo, idealizador do evento Casa de Criadores.

Reconhecido mundialmente por revolucionar a moda nos anos 1970 e explorar de forma peculiar a estética da cultura japonesa, o profissional agora vislumbra conquistar novos horizontes, mas sempre tendo a arte e a moda no centro de seus desafios.

Entretanto, mesmo sem planos ou estratégias concretizados no mundo dos negócios, Kenzo tem apenas uma certeza no que se refere aos seus projetos em terras tupiniquins: nada de repetições ou mais do mesmo. Para os consumidores de marcas deluxe, o aviso: esqueçam a possibilidade da abertura de uma butique com o logotipo da grife nipônica.

"Procuro um modelo de negócio que possa ser inovador e revolucionário, longe de tudo aquilo que já existe", ressaltou Kenzo, que está em busca de novos desafios desde que vendeu sua marca para o grupo LVHM, em 1993.

MODA BRASILEIRA - Observador da cultura latina, Kenzo exaltou a moda brasileira e não poupou elogios ao lifestyle existente no País que ele definiu como um estilo bem diferenciado. "A moda feita por aqui é a mistura do casual com o sensual, longe de ser sexy. Algo singular e encantador", definiu.

Ao longo da entrevista, Kenzo lembrou quando esteve pela primeira vez no Brasil e revelou que o que ficou na sua memória foi a energia que vivenciou no São Paulo Fashion Week, em 2008. "Senti naquela ocasião que o Brasil é um País que promete liderar a moda no século 21".

A admiração e reconhecimento de Kenzo pelo País renderam ao menos um desfecho efetivo e positivo para a moda nacional, já que nesta segunda visita o estilista ganhou o cargo de representante da moda brasileira no Japão. "Ficamos muito felizes pelo Kenzo ter aceitado nosso convite. A partir do Programa de Exportação da Moda Brasileira, o Texbrasil, já obtivemos sucesso com várias de nossas ações internacionais e tenho certeza que esta parceria também terá êxito", afirmou Rafael Cervone, diretor-executivo do Texbrasil.

A atuação das instituições engajadas no setor de negócios parece mesmo trabalhar para que a moda não seja um assunto merecedor de holofotes somente quando acontecem desfiles e trocas de coleções. Segundo Cervone, há um plano estratégico para a evolução da indústria da moda brasileira com perspectiva até 2023.




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