O emissário especial da ONU (Organização das Nações Unidas) para o Kosovo, Martti Ahtisaari, apresentou nesta sexta-feira aos ocidentais e aos russos o plano para província. A estratégia deve levar em conta o desejo de independência da maioria albanesa e proteger a minoria sérvia.

Ahtisaari não fez declarações à imprensa depois da reunião de uma hora e meia a portas fechadas com diplomatas de seis países - Estados Unidos, Alemanha, França, Itália, Reino Unido e Rússia - e representantes da UE (União Européia) e da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte).

"Ele apresentou suas propostas ao Grupo de contato, e houve uma breve discussão sobre as perspectivas", declarou Hua Jiang, porta-voz do emissário da ONU. Mas, ele não revelou o conteúdo das conversas nem informar se a palavra "independência" foi pronunciada.

A Rússia, aliada tradicional da Sérvia, ameaça vetar uma resolução do Conselho de Segurança da ONU que decretaria a independência do Kosovo, uma solução que Belgrado rejeita categoricamente.

Não é aceitável "impor uma solução que seja humilhante para o povo sérvio", declarou domingo passado o presidente russo, Vladimir Putin, pedindo uma fórmula "aceitável" para as duas partes. "Todos os países mantiveram suas posições" respectivas sobre o assunto, confirmou Rémi Dourlot, porta-voz de Ahtisaari, nesta sexta-feira.

No dia 2 de fevereiro, o emissário da ONU vai apresentar seu projeto de estatuto a Pristina, que pede a independência, e a Belgrado, que rejeita esta hipótese. O ministro alemão das Relações Exteriores, Frank-Walter Steinmeier, cujo país preside atualmente a UE, declarou ao Financial Times que espera "um papel construtivo da Rússia, que sabe que a margem de manobra é estreita".

O Kosovo, que tem dois milhões de habitantes dos quais 90% são albaneses, é administrado pelas Nações Unidas desde 1999, ano em que as forças da Otan conduziram ataques aéreos para acabar com a repressão sangrenta das forças sérvias contra os albaneses.

Ahtisaari havia dito quarta-feira aos parlamentares do Conselho da Europa em Estrasburgo que seu plano se baseava "na proteção do direito das minorias", com "uma forte presença civil e internacional".

Segundo um especialista em Bruxelas, Ahtisaari defende uma importante autonomia para os municípios onde está concentrada a minoria sérvia. "Nosso objetivo é construir um Kosovo democrático, onde os membros de todas as comunidades, particularmente a Sérvia, poderão ter uma existência digna, segura e economicamente viável", havia acrescentado Ahtisaari em Estrasburgo.

A proposta detalhada deve ser "enviada a Nova York em março para ser examinada pelo Conselho de Segurança da ONU", informou Dourlot.