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Selic repercute no volume de crédito
Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
25/10/2003 | 19:41
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O processo de redução da taxa básica de juros (a Selic) pelo Banco Central ao longo deste ano, a partir de junho, tem colaborado para impulsionar o volume de operações de crédito do sistema financeiro, seja no caso dos créditos para o público em geral (cheque especial, cartão de crédito ou financiamentos de veículos e outros bens) seja nos empréstimos para as empresas. O crescimento desse volume segue em ritmo lento, assim como é gradual a política monetária do governo, mas sua expansão é considerada por especialistas uma forma de auxiliar a retomada da economia.

Pelos dados de agosto (os mais recentes disponíveis) do BC, foi contabilizado o total de R$ 385 bilhões em operações de crédito, alta de 0,6% em relação ao mês anterior. No caso das linhas para pessoa física o volume foi de R$ 83,7 bilhões, elevação de 1,2% na comparação com julho. Ainda segundo relatório do banco, também há uma tendência de declínio na taxa média de juros das operações. Estudo da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade) mostra que ainda estão muito altas, mas têm caído: em setembro as taxas destinadas a pessoa física caíram 1,22%, de 158,33% ao ano para 155,48% e podem cair mais (para 153,50% ao ano) como reflexo da incorporação da nova redução da Selic, de 20% para 19% ao ano.

A expansão do crédito para o consumidor pôde ser observada, mais recentemente, pelos números da ACSP (Associação Comercial de São Paulo). Na primeira quinzena de outubro, se verificou a reativação das vendas a prazo do comércio, com alta de 0,7% nas consultas ao SCPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito) das compras no crediário em relação a mesmo período de 2002. Para o economista da ACSP Emílio Alfieri, as quedas dos juros básicos contribuiu para isso. “Fora isso, uma coisa que ajuda muito é a base fraca do ano passado. Nessa época, em 2002, o dólar estava encostando nos R$ 4 e havia um clima de semipânico”, afirmou.

O economista do Fecomércio-SP (Federação do Comércio do Estado) Fábio Pina salienta que a expansão do crédito não é unilateral. “É uma via de duas mãos, o consumidor disposto a tomar crédito e o empresário com disposição a voltar ao mercado”. Ele concorda que medidas como a redução do depósito compulsório dos bancos e a queda da taxa básica incentiva a colocação de mais recursos para empréstimos, mas o desemprego e a renda em baixa tornam mais lento esse movimento de expansão. E acrescenta que a redução da Selic é um efeito da própria expectativa do mercado. “O mercado precifica isso”, disso.




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