Uma empresa está inserida na sociedade. Portanto, é preciso conhecer a sociedade para administrar bem. Este é um recado curto, porém revelador para quem ingressa na profissão. Assim, o profissional de administração hoje deve ter, necessariamente, uma visão muito mais ampla e questionadora em todas as áreas para se tornar um executivo estratégico.

Criada há 44 anos no Brasil pela Lei nº 4769, de 9 de setembro de 1965, a profissão de administrador é, talvez, a que mais suscita paixões quanto a sua abrangência, competências e especificidades necessárias para a atuação do profissional que procura nela se desenvolver.

A Teoria Clássica da Administração foi idealizada pelo engenheiro Jules Henri Fayol, na segunda metade do século XIX, na Europa, e definiu funções básicas do gestor como planejar, organizar, controlar, coordenar e comandar; o também engenheiro norte-americano Frederick Winslow Taylor criou, à mesma época, a Administração Científica introduzindo conceitos para aumentar a produtividade a partir da relação entre tempo e movimento nas fábricas; assim, as recomendações para o bom administrador são cada vez mais diversificadas.

Às vésperas de comemorar o Dia do Administrador, os profissionais que atuam, lecionam e fazem a profissão acontecer têm visões diferentes sobre os caminhos a serem tomados para atingir os objetivos dentro de uma empresa, mas concordam num ponto essencial: o bom administrador não pode ficar parado; é preciso estar sempre atualizado e antenado nas possibilidades que o mercado oferece e a empresa deve estar inserida.

O professor Duílio Humberto Pinton, diretor da Área de Administração da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul), entende que o novo administrador deve ser um visionário: "Ele precisa ter visão globalizada e percepção do ambiente, ser estratégico e estar sempre preocupado com as ferramentas que vai usar na gestão de pessoas, no marketing e nas finanças", afirma.

Segundo o professor, um dos responsáveis pela qualidade do ensino na Universidade que resultou na recomendação da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, do MEC) para a implantação do curso de Doutorado em Administração na USCS, o novo administrador deve cuidar das formações pessoal e profissional com a mesma intensidade: "Ele precisa sempre fazer mais e melhor. Para isso tem que estar preparado. Vai fazer mais sucesso quem tiver ousadia e ser experimentador", argumenta ele, confessando contentamento quando percebe posturas críticas do aluno em final de curso: "Significa que cumprimos a nossa função; formamos pessoas críticas e com princípios éticos para atuar no ambiente de trabalho e na sociedade", finaliza.

Outro exemplo de que as competências são necessárias para quem pretende ingressar nesse universo é atestado por Eduardo Bahi. Graduado em engenharia eletrônica e pós-graduado em administração e marketing, atua há dez anos no departamento de Atendimento a Empresas da Thomas Case Associados e acompanhou inúmeros casos de recolocação de carreira, inclusive internacionais.

No passado, jovens substituíam aqueles que já estavam passando dos 40 anos. Resultado: as organizações perdiam com isso. "É importante a participação do jovem na empresa; ele traz fôlego novo, mas ainda não tem a maturidade e a competência que desembocam no sucesso a partir das ferramentas que tem pra liderar. Isso só chega com o tempo. O mais experiente precisa ter espírito de equipe, ser eficaz, ter iniciativa e dinamismo; o jovem ainda está aprendendo tudo isso", enfatiza.

Competências

No mundo dos negócios, a competição influencia diretamente as decisões estratégicas das empresas. A partir da década de 1990, as organizações apostam num grande diferencial para a criação de vantagens competitivas e para continuarem a ter sucesso: a participação dos funcionários. Nesse contexto, não se busca mais um profissional que apenas execute seu trabalho dentro do cargo, mas sim uma pessoa que domine as competências. Portanto, as organizações precisam ser transparentes para buscar no mercado pessoas que agreguem valor e que possuam condições de atuar junto à política da empresa.

Competências são características de um indivíduo que abrangem conhecimentos, habilidades e comportamentos compatíveis aos negócios da empresa. É um saber agir com responsabilidade, agregando valor econômico e social à organização. Além das competências técnicas/profissionais dentro da escolha da carreira a ser executada, o profissional deve possuir competências sociais, o que inclui os relacionamentos entre as pessoas, favorecendo com isso a comunicação, a negociação e a flexibilidade. As competências dos negócios também são essenciais, propiciando as relações com o mercado, o ambiente sociopolítico e a orientação para o cliente.

Quando essas competências são interligadas e utilizadas estrategicamente pelo indivíduo, facilitam a obtenção dos resultados almejados. As competências devem ser criadas em características e expectativas claras e duradouras. Trabalhar com competências é buscar profissionais que saibam como deixá-las emergir nas organizações, tornando-as mais competitivas e, consequentemente, abrindo espaço para um crescimento econômico e social no mundo dos negócios.

* ProfªDrª Lideli Crepaldi - Psicóloga, consultora de empresas e professora da USCS.

Serviço - Semana da Administração, em São Caetano
Entre os dias 8 e 10, a USCS promove a Semana da Administração com a "Olimpíada do Conhecimento", sempre das 19h30 às 22h30, na avenida Goiás, 3.400.
Na manhã do dia 8 haverá a palestra ‘As competências no Mundo dos Negócios', com a professora Lidelí Crepaldi. A atividade é aberta ao público, com entrada franca. Mais informações pelo telefone 4239-3259.