A montagem não se preocupa em contar uma história linear. Ferron explica o título: “Romper o asfalto significa ir mais fundo no autoconhecimento, quem busca a transformação vai fundo na causa. E algo tem de morrer para que haja espaço para o novo”. Conflitos e buscas individuais são a mola propulsora do espetáculo.

O princípio, diz Ferron, consistiu em “trabalhar a trajetória de um arquétipo da mitologia grega, o guerreiro que está no mundo trivial, recebe um chamado e se prepara para o combate, do qual sempre sai modificado”. “A analogia com o nosso mundo está no confronto com nossos demônios, medos, angústias, preconceitos, fantasmas.”

A montagem se apóia em três movimentos artísticos, o expressionismo, o realismo e o surrealismo. “O surrealismo e o expressionismo levam a sensações. Quero gerar uma obra e entregá-la ao público, ela tem de ser o que ele quer que seja. Dois atores [Gilson Alves Campos e Marcelo Gianini] formam a porção mais realista, apesar do tom clownesco”, afirma.

Ferron conta que, por causa da pesquisa desenvolvida, “aconteceu no espetáculo, sem intenção, uma aproximação com a estética da [dança-teatro da alemã] Pina Bausch”. Em comum há “a utilização do corpo a partir do indivíduo, a criação da cena a partir das criações individuais, elementos cênicos que participam da ação, intervenções de atores quebrando a cena, conduzindo-a, dinamizando-a, gerando surpresa”.

Buraco no Asfalto... Aqui Jaz um Pensamento – Dança Contemporânea. Direção geral de Luis Ferron. Com integrantes do Centro de Dança de Santo André. Nesta terça e quarta, às 20h. No Teatro Municipal de Santo André – Paço Municipal, s/nº, Santo André. Tel.: 4433-0789. Entrada franca.