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Damo admite merenda superfaturada
Sérgio Vieira
Do Diário do Grande ABC
07/09/2006 | 20:51
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O prefeito de Mauá, Leonel Damo (PV), admitiu quinta-feira, pela primeira vez, que o contrato emergencial de fornecimento de merenda é mais caro do que o convênio anterior, vencido em julho e não renovado pela administração municipal. “Vai custar, sim, um pouco mais para a Prefeitura, mas precisa ser entendido que nós estamos terceirizando o serviço e a empresa contratada vai fazer tudo”, argumentou. O chefe do Executivo, mais uma vez, não soube explicar os custos desse suposto benefício: “Realmente ainda não sei os números”.

O contrato superfaturado de três meses com a empresa Gourmaître Cozinha Industrial e Refeições, de São Paulo, custará mensalmente aos cofres públicos o triplo do que era gasto com a Cathita, empresa de São Caetano: de R$ 824,4 mil atuais contra os R$ 285,6 mil do antigo convênio. Damo usou como argumento para a nova contratação a melhora na qualidade do serviço. “Vai melhorar a merenda”, argumentou. Em seguida, ele se contradisse, revelando que o serviço fornecido pela Cathita era satisfatório.

O prefeito Leonel Damo garantiu que não haverá demissões com a terceirização, apesar de o contrato com a Gourmaître, segundo ele, incluir o serviço de funcionários e a distribuição dos alimentos. “Fiz um acordo com a empresa garantindo a utilização dessa mão-de-obra. Posso afirmar que as merendeiras não serão demitidas.” Ele disse que o contrato emergencial com a Gourmaître será um “teste”. “Nós vamos experimentar. Se não for satisfatório, a gente encerra e troca de novo.”

Leonel Damo assegurou não temer a investigação do MP (Ministério Público), que na terça-feira instaurou procedimento para apurar o superfaturamento da merenda. Ele se comprometeu a encaminhar ao coordenador do setor de crimes de prefeitos, Luiz Roque Lombardo Barbosa, no prazo estipulado – 15 dias –, todos os documentos referentes aos contratos com a Cathita e com a Gourmaître. “Acho importante essa apuração do MP. Vamos enviar tudo que for pedido, com muita transparência.”

Bom senso – Sem tripudiar da oposição na Câmara, que na última sessão demonstrou um racha, se omitiu e não conseguiu as seis assinaturas necessárias para protocolar o requerimento de abertura de CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) – apesar de contar com maioria na Casa (nove dos 17 vereadores) –, o prefeito acha que os vereadores agiram corretamente. “Prevaleceu o bom senso. Eles podem solicitar a mim as informações que quiserem”, garantiu o prefeito.

Mesmo assim, o administrador de Mauá garantiu não ter interferido na decisão e nem ter solicitado ao líder do governo, Cincinato Freire (PSDC), que fizesse acordo com a bancada de oposição. “Na terça-feira eu nem estava em Mauá. Tinha ido a um compromisso em São Paulo. E também não autorizei o Cincinato a negociar nada.”

Ex-aliado de Diniz Lopes (PL), o prefeito Damo não quis dizer se o presidente da Câmara – que apresentou o requerimento de CPI – perde força com a derrota sofrida na última sessão. “Prefiro não entrar nessa questão”, desconversou.



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