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Brecheret terá obra catalogada pela filha
Cássio Gomes Neves
Do Diário do Grande ABC
16/12/2001 | 18:22
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Escultor, gênio, modernista, pedra fundamental da arte tridimensional do século passado. Cabem tantos adjetivos a Victor Brecheret, artista que operava arte com um martelo à mão e a inseparável boina na cabeça. “Brecheret é o milagre triste de São Paulo, como a catedral gótica na ponta da serra nevoenta”, teria dito o escritor e amigo Oswald de Andrade. Entretanto, um adjetivo menos elogioso ronda o nome do escultor morto há exatamente 46 anos (17 de dezembro de 1955).

Com o propósito de não permitir que a palavra “esquecido” se funda ao nome de seu pai, Sandra Brecheret Pellegrini chamou para si a responsabilidade de preservar homem e obra.

São três os seus focos de atuação. Primeiro, o site que ela sustenta na internet (www.victor.brecheret.nom.br). “Há dois anos no ar, o site já recebeu mais de 21 mil visitantes. É um número surpreendente”, afirma Sandra. Segundo, a sua persistência para fazer a catalogação completa do legado do pai. “Eu consegui elaborar uma relação com aproximadamente 550 obras. Faltam mais umas 50, que estão espalhadas por Estados Unidos e Europa.”

A terceira preocupação da abnegada filha é também o seu purgatório: lutar pela preservação das esculturas que ornam espaços públicos em São Paulo, como o Monumento às Bandeiras – ou o “deixa-que-eu-empurro”, apelidado pela massa. “A Prefeitura tem relaxado a conservação do patrimônio público. O monumento no Ibirapuera foi um trabalho que meu pai demorou 33 anos para concluir e, em 15 minutos, a molecada vai lá e picha. Por isso eu solicitei ao Ministério Público uma ação contra a Prefeitura, que segue no Tribunal de Justiça”. No que depender de Sandra, o milagre triste será visível durante muitos e muitos anos, mesmo sob pesada neblina.




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